A revista de moda garantia que a Síria é «o país mais seguro do Médio Oriente». Dias depois rebentou a revolta contra o regime do marido, Bashar. Como Muammar Kadhafi, o ditador da Síria tratou de tentar esmagar a chegada da ‘Primavera árabe’. Sem discursos alucinados como os do coronel, reprimiu, simplesmente. A contabilidade da oposição vai em dez mil mortos, forças de segurança excluídas.
Mas tal como não existem dois ditadores iguais, não há duas sociedades iguais e a Síria é – ainda – um rico mosaico do qual foi possível brotar uma primeira dama com um discurso que seduziu a repórter norte-americana. Asma, que estudou e viveu em Londres, tinha como objectivo mudar as mentalidades das novas gerações. Através de ONG que criou, quis «fazer o país avançar», bem como «emancipar a sociedade civil».
As intenções poderiam ser as melhores, mas o facto de estar casada com um sanguinário, por sua vez descendente de outro, não ajuda. E a cínica declaração que deu ao The Times, ao dizer que apoia o marido e que «ouve e conforta as famílias das vítimas da violência» também não.
Asma podia ter sido um exemplo numa sociedade de maioria muçulmana mas secular. O mais provável, contudo, quer para o país, quer para a ‘primeira ditadora’, é sofrerem um sério revés.
César Avó