SMS ‘tramou’ Passos Coelho no caso Lusoponte

Um SMS enviado pelo secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações ao primeiro-ministro, durante a discussão no Parlamento sobre o caso do duplo pagamento à Lusoponte, esteve na origem do erro cometido por Passos Coelho numa resposta a Francisco Louçã. «Se não fosse esse erro, o caso teria morrido ali», diz ao SOL…

no dia 7 de março, o secretário de estado das obras públicas, sérgio silva monteiro, que estava a seguir o debate parlamentar pela televisão, perante uma pergunta do deputado do bloco de esquerda, francisco louçã, sobre a lusoponte, decide enviar esclarecimentos a passos coelho, por sms. só que o primeiro- ministro percebeu mal a mensagem, que tinha como objectivo dar-lhe informações mais precisas sobre o tema. «o sms era muito sintético e o pm não o interpretou bem. viu mal», explica essa fonte.

francisco louçã questionava então o primeiro-ministro sobre o facto de o secretário de sérgio silva monteiro ter autorizado o pagamento de 4,4 milhões de euros à lusoponte para compensar a empresa pela não cobrança de portagens na ponte 25 de abril. isto apesar de o secretário de estado saber que a isenção em agosto acabou o ano passado e que a empresa liderada pelo antigo ministro do psd, ferreira do amaral , ficou com o dinheiro das portagens.

passos coelho, nas duas primeiras respostas, referiu não ter informação sobre o caso, que tinha sido divulgado cinco dias antes pelo sol em primeira mão. mas após a segunda resposta, miguel relvas, ministro dos assuntos parlamentares, entrega um telemóvel ao primeiro-ministro. este, após colocar os óculos, lê a mensagem.

perante a insistência do coordenador do bloco, na sua terceira intervenção, – «talvez o secretário de estado tenha um lugar a ser posto em causa» – passos coelho referiu que tinha sido informado pelo seu colega de governo, secretário de estado sérgio silva monteiro, de que «a lusoponte não ficou com o resultado das portagens» de agosto e que o dinheiro «foi retido pela estradas de portugal».

oposição pede demissão

mas, tal como o sol tinha noticiado, a empresa da mota-engil reteve mesmo o dinheiro das portagens de agosto e o caso ganhou ainda uma maior projecção mediática. «o sms era muito sintético e não o interpretou bem», explica a mesma fonte governamental.

além das declarações oficiais da lusoponte e dos documentos divulgados pelo sol no dia 2 de março, o próprio silva monteiro, depois da gaffe no parlamento, acabou por desmentir o primeiro-ministro, horas mais tarde, em comunicado.

e o caso ganhou ainda mais relevância no espaço público. a esquerda parlamentar aproveitou para atacar o governo e mesmo os deputados da coligação ficaram desconfortáveis com o caso.

no seguimento do caso, o partido_socialista e o bloco de esquerda pediram a demissão de sérgio_silva monteiro, na quarta-feira. mas passos coelho, sabe o_sol, continua a defender o governante, a quem admira o trabalho, e «equipara-o a um ministro», devido à quantidade e complexidade de assuntos pelos quais está responsável.

frederico.pinheiro@sol.pt