o incidente ensombra as eleições presidenciais, que de outra forma decorreram sem registo de incidentes graves.
segundo a reuters, que cita uma testemunha ocular, djaló foi baleado por soldados num bar no bairro de cupelum de cima, em bissau. o corpo do antigo responsável do serviço de informações militares encontra-se no hospital simão mendes.
djaló tinha sido detido a 1 de abril de 2010, durante o golpe que afastou zamora induta da chefia das forças armadas guineenses e que conduziria antónio indjai ao cargo de cemgfa. na ocasião, o então primeiro-ministro carlos gomes júnior (paigc) foi temporariamente detido pelos militares.
gomes júnior, popularmente conhecido como cadogo, lidera agora a contagem de votos, segundo dados preliminares. contra o ex-governante destacam-se as candidaturas de kumba yalá, líder do prs e membro da numerosa etnia balanta, e de serifo nhamadjo, dissidente do paigc que reclama a herança política de bacai sanhá.
ainda durante o domingo surgiram informações não confirmadas de que os ministros fernando gomes (interior) e botche cande (comércio) teriam sido detidos por militares.
já hoje, e de acordo com o blogue ditadura do consenso, o cemgfa antónio indjai e o presidente da comissão nacional de eleições estiveram reunidos, tendo o responsável das forças armadas declarado a desejado lima da costa que «nada perturbará o processo eleitoral».
as presidenciais de domingo e as aguardadas eleições legislativas são consideradas um teste decisivo à estabilidade e credibilidade externa da guiné-bissau.
após décadas de violência política e de suspeitas do envolvimento das chefias políticas e militares no tráfico de droga transatlântico, o país encontra-se agora num ponto de viragem, tentando garantir apoio internacional ao desenvolvimento de um grande porto de águas profundas em buba, à exploração das jazidas de bauxite de boé e à reforma das forças armadas. nos últimos anos, angola vem assumindo o papel de principal parceiro político e militar de bissau.
pedro.guerreiro@sol.pt