Foi com esta farpa que o Presidente iraniano se despediu dos deputados, na quarta-feira, no final de uma inédita chamada do majlis (parlamento) à segunda figura do Estado.
Ahmadinejad não escondeu o desagrado em ter de se submeter ao questionário e foi alternando entre o tom desafiador e o de engraçadinho perante uma assembleia cada vez mais hostil. Num espectáculo transmitido em directo na rádio, Ahmadinejad deveria ter dado satisfações sobre o estado da economia. O fim dos subsídios na alimentação e na energia, combinada com as sanções internacionais, fez disparar a inflação e despencar o valor da moeda, o rial. «Os motivos da inflação são outros a que responderei na altura própria», disse, exemplo das constantes evasivas e dos despropósitos, o que irritou a maioria dos representantes do povo.
Foi ainda confrontado por ter demitido o ministro dos Negócios Estrangeiros, por ter resistido 11 dias ao decreto do aiatola Khamenei para readmitir o exonerado ministro das Informações ou pelas declarações «desviantes» do seu chefe de gabinete, que elogiou o passado pré-islâmico do Irão).
No mais recente capítulo do conflito entre guia supremo e Presidente, este mostrou mais uma vez a sua arrogância e prepotência. Resultado? Como um deputado reagiu, «o próximo passo, espera-se, é a destituição de Ahmadinejad». Não é impossível. EmMaio, o majlis terá nova composição – e o número de apoiantes do Presidente será ainda menor.