mas esse amor deve começar em nós próprios, antes e acima de tudo, para que o resto funcione.
o amor-próprio, valor nunca suficientemente estimado, é uma das chaves para a felicidade, enquanto conceito de plenitude serena: não estou a referir-me a picos de delírio e de prazer, com os quais confundimos a verdadeira felicidade. refiro-me a essa sensação de bem-estar com o que somos e de harmonia com os outros, resultado de uma paz conquistada com esforço e consciência. para outros, a felicidade pode ser e será outra coisa, mas para mim está muito próximo disto.
o nosso bem-estar interior pode parecer-nos invisível, mas é sentido por quem nos rodeia; se cultivarmos a simpatia, a alegria e a capacidade de agradar, torna-se muito mais fácil sermos desejados, festejados e glorificados. tal e qual como semear: quem semeia nabos não pode esperar que dali cresçam morangos.
as mulheres, que passam grande parte do tempo útil a pensar no sexo oposto, analisando os respectivos comportamentos, valorizam um homem que goste de agradar. sempre foi assim, e a razão porque tal prática vem caindo em desuso tem mais a ver com a rapidez com que os padrões habituais de comportamento mudaram em relação ao que é esperado de um homem e de uma mulher do que com a natureza masculina.
não conheço nenhum homem que não encontre felicidade no acto de cortejar, que não se sinta orgulhoso em proteger e ajudar uma mulher quando está apaixonado e que não retire da sua capacidade de agradar uma profunda e profícua satisfação. o que agora se passa é que os homens nem sempre sabem o que nos agrada. nós mudámos depressa, mas não mudámos em tudo, e eles não são obrigados a perceber as nossas mudanças subtis e tantas vezes imprevisíveis.
na natureza, o pavão exibe a sua cauda para cortejar a fêmea. nos códigos de corte entre os humanos, já nenhuma mulher espera que o homem empunhe os seus troféus de caça. e há mulheres para quem os sinais exteriores de riqueza ou de poder, quando exibidos com o propósito explícito de impressionar, podem criar anticorpos. no meu caso, desenvolvi na adolescência uma alergia profunda ao macho que se apresenta com o binómio porsche-charuto, porque desde cedo percebi que os homens que enriquecem perdem a proporção da confiança em que a fortuna se gera, e têm tendência a desenvolver comportamentos egoístas e egocêntricos. e quando um homem fica cheio de si, rapidamente passa a actuar como um eucalipto, secando tudo à volta.
existe uma diferença entre agradar e seduzir, bem como inúmeras formas de levar a cabo uma e outra. o segredo reside em saber como fazer ambas as coisas de forma a que uma mulher vá derretendo aos poucos, até ao momento em que se deixa ir. é claro que o nível de auto-estima dela também é importante: só confiamos nos outros quando confiamos em nós próprios.
o amor-próprio constitui uma das bases da felicidade pessoal e ajuda a gerar amor pelo próximo. por isso é tão importante.