A festa só começa, embora timidamente, à quinta-feira. Até lá, só mesmo as ladies night, autêntico hino à bimbalhada, embora seja das poucas coisas a funcionar, ou algum dos bares resistentes. Longe vão os tempos em que o domingo era uma das noites mais selectas da 24 de Julho ou em que às quintas-feiras se dava início às hostilidades, como diz um amigo meu. Nesses tempos longínquos, o sábado estava para a moda, como o cabelo do craque da bola Raul Meireles está para o bom gosto.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. A crise ajuda a que tudo se concentre numa só noite e quem opta por sair à sexta, raramente o faz no dia seguinte. Mas o fenómeno parece-me ter-se globalizado. Mesmo em Maputo, de onde vim há pouco, a história não é muito diferente, sendo certo que há uma noite da semana em que os amantes do karaoke têm o seu templo no bar do Gil Vicente, onde uma banda ao vivo acompanha os artistas de ocasião. Já tinha visto muita coisa, mas nunca algo parecido. Curiosamente, quando cheguei ao referido bar, o DJde serviço navegava pelas sonoridades de um belo house. Depois entraram os karaokes e com eles algumas canções lamechas – Paulo Gonzo e o seu ‘Jardins Proibidos’ fazem muito sucesso no mercado moçambicano.
Voltando a Lisboa, a cidade estava deserta, mas não faltavam operações stop por todo o lado. Mesmo durante a semana, e apesar do movimento ser quase inexistente, não faltam brigadas da PSPnas ruas mais improváveis. Fará seguramente sentido, pois caso contrário não estariam todos os dias a fiscalizar condutores…
P.S. Uma das surpresas no meu regresso foi ouvir uma música, ‘FadoMeu’, de Mariza mixada por um DJ de house. A combinação já tem alguns meses, mas só agora a descobri. E não é que a coisa até funciona? O mundo está mesmo diferente.
vitor.rainho@sol.pt