Crime sem sanção desportiva

José Manuel Meirim, especialista em Direito desportivo, assegura que «não há nada no regulamento da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que se enquadre na tentativa de denegrir a imagem de um árbitro». Por isso, as probabilidades de o Sporting e Pereira Cristóvão sofrerem sanções desportivas são muito baixas, pelo menos com os dados até agora…

Para esclarecer todos os contornos do caso, Ricardo Costa, ex-presidente da antiga Comissão Disciplinar da Liga, defende que a FPF abra um processo de averiguações. Isto porque, caso haja indícios de corrupção, coacção ou ilícito desportivo, tanto o Sporting como o seu vice-presidente poderão ser sancionados. Para Ricardo Costa é importante que se verifique «quem fez, o que fez e por que fez».

No entanto, Rui Alves, presidente do Nacional, afirmou esta semana que pretende avançar já com uma providência cautelar «para impedir a realização da final da Taça da Portugal». Na sua opinião, os comportamentos de Pereira Cristóvão põem em causa a isenção da arbitragem. Alves acusa o dirigente do Sporting de «viajar com as equipas de arbitragem» e de ter «acesso a dados que não estão ao alcance de mais nenhum dirigente desportivo». Já Carlos Pereira, presidente do Marítimo, disse ao DN que vai «aguardar que a comissão disciplinar da Federação e da Liga abram um inquérito para serem apurados todos os factos».

O presidente do Sporting, Godinho Lopes, afirma que «o clube não tem o direito de declarar ninguém culpado», justificando assim o regresso de Pereira Cristóvão à vice-presidência. No entanto, o dirigente revelou que decidiu «por iniciativa própria» abrir um inquérito interno, frisando que o clube «não pactua com dúvidas». Godinho lembrou, aliás, que renunciou ao cargo de vice-presidente do clube depois de ter sido detido num caso em que era suspeito de corrupção (o dos barcos da Expo 98). Sublinhou que o fez «por razões de consciência» e por considerar que «não se devem misturar atitudes e decisões individuais com o clube».

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