É certo que muitos optam por cerveja ou mesmo por bebidas destiladas para fazer companhia à carne, peixe ou aos legumes, no caso dos vegetarianos. São poucos os que gostam de beber sem petiscar alguma coisa. Na noite portuguesa, e em particular a lisboeta, este casamento já teve melhores dias. Se pensarmos que há quem comece a beber por volta das 21 horas – altura em que precisamente está à mesa a jantar –, e só acaba perto das sete da manhã, facilmente se percebe que esteve um punhado de horas sem ingerir qualquer alimento que não as bebidas. Calculo que seja por questões logísticas, mas não faz grande sentido alguém estar a beber desalmadamente durante horas sem ter a possibilidade de comer alguma coisa, até para ‘acalmar’ o álcool.
Na capital, são poucos os lugares onde é possível ‘matar’ a fome durante a noite. Penso que a maioria das discotecas e bares fez sempre mal as contas. Um público que fica ‘enfrascado’ consumirá muito menos bebidas do que aquele que se mantém em pé à conta, não do ‘mata-bicho’, mas de algo mais sólido que funcione como uma espécie de cimento no estômago. Por essa razão já ouvi muitos amigos reclamarem por uma visita – quando andam por outras paragens – mais tardia ao Lux, para poderem comer uma tosta mista.
Aqueles que se habilitam a saciar a fome nas rulotes, muitas vezes, acabam por se ver envolvidos em filmes menores onde a violência não consegue ser contrariada com argumentos oratórios. Ainda há dias assisti, ao longe, a uma cena de facadas entre frequentadores. Quem não tem nada a perder, quem não tem histórias para contar, quer, à força, fazer o seu filme da noite. Os mais novos devem evitar frequentar as rulotes pior frequentadas. É uma questão de inteligência e de sobrevivência.
vitor.rainho@sol.pt