Nas Bocas do Mundo – Juan Carlos

«Sinto muito. Errei e não o voltarei a fazer». Palavra de rei. Mais em concreto, palavra de Juan Carlos. Aos 74 anos, o espanhol vive um dos momentos mais periclitantes do seu reinado, ao surpreender os espanhóis com a notícia de que tinha sido operado à bacia na sequência de uma queda durante uma caçada…

Ao nível institucional, criticou-se o facto de não se saber do paradeiro do mais alto representante de Espanha, ainda que estivesse em viagem particular; ao nível civilizacional, digamos, a indignação fez-se ouvir ao saber-se que uma figura tão reverenciada pelos cidadãos espanhóis estava a liquidar paquidermes. O caso ganhou contornos ainda mais controversos quando alguém se lembrou que Juan Carlos é presidente honorário da WWF Espanha, organização ambientalista que tem lutado pela preservação dos elefantes.

Depois da pata de elefante na poça de sangue, o soberano foi alvo de um crescendo de críticas, chegando a pedir-se a abdicação. Ao que JuanCarlos respondeu, à saída do hospital, com o breve e inaudito pedido de desculpas aos cidadãos.

Só que o próprio, além da caçada em África, tem o caso do genro, o duque de Palma de Maiorca, a ameaçar a reputação. Na terça-feira ficou a saber-se que o ex-sócio do genro enviou documentos à Justiça nos quais implicava o rei nos negócios de Iñaki Urdangarin, que deverá ser julgado por desvio de fundos.

Sobre o caso do duque de Palma, afirmou, no discurso de ano novo: «Estou extremamente preocupado com a desconfiança que parece entranhar-se em alguns sectores da opinião pública em relação à credibilidade e prestígio de algumas das nossas instituições. É preciso rigor, seriedade e exemplaridade em todos os sentidos. Todos, especialmente pessoas com responsabilidades públicas, temos o dever de observar um comportamento adequado, um comportamento exemplar». Sábias palavras.

C.A.