Ao nível institucional, criticou-se o facto de não se saber do paradeiro do mais alto representante de Espanha, ainda que estivesse em viagem particular; ao nível civilizacional, digamos, a indignação fez-se ouvir ao saber-se que uma figura tão reverenciada pelos cidadãos espanhóis estava a liquidar paquidermes. O caso ganhou contornos ainda mais controversos quando alguém se lembrou que Juan Carlos é presidente honorário da WWF Espanha, organização ambientalista que tem lutado pela preservação dos elefantes.
Depois da pata de elefante na poça de sangue, o soberano foi alvo de um crescendo de críticas, chegando a pedir-se a abdicação. Ao que JuanCarlos respondeu, à saída do hospital, com o breve e inaudito pedido de desculpas aos cidadãos.
Só que o próprio, além da caçada em África, tem o caso do genro, o duque de Palma de Maiorca, a ameaçar a reputação. Na terça-feira ficou a saber-se que o ex-sócio do genro enviou documentos à Justiça nos quais implicava o rei nos negócios de Iñaki Urdangarin, que deverá ser julgado por desvio de fundos.
Sobre o caso do duque de Palma, afirmou, no discurso de ano novo: «Estou extremamente preocupado com a desconfiança que parece entranhar-se em alguns sectores da opinião pública em relação à credibilidade e prestígio de algumas das nossas instituições. É preciso rigor, seriedade e exemplaridade em todos os sentidos. Todos, especialmente pessoas com responsabilidades públicas, temos o dever de observar um comportamento adequado, um comportamento exemplar». Sábias palavras.
C.A.