Casas emblemáticas

Os aniversários de velhos amigos levam-nos, quase sempre, a lugares onde, por norma, não costumamos ir. É o resultado de nos encontrarmos quase exclusivamente em datas específicas. É preciso conciliar várias facções, vários estilos de vida e não é fácil sugerirmos os locais que frequentamos.

À conta disso, dei por mim numa fila imensa, sem grande disciplina, à espera que um porteiro improvisado desse ordem de avançar. À nossa volta, uma imensa multidão ia-se divertindo à porta dos inúmeros bares, enquanto fazia da estrada ou da rua, como se preferir, o seu poiso. Confesso que a espera já me estava a deixar um pouco impaciente, atendendo a que não percebia muito bem a filosofia de chamada e não via a hora de entrar para fazer mais um brinde. Quando finalmente entrámos, tentei reconhecer o que já havíamos publicado nestas páginas, bem como os testemunhos de alguns amigos frequentadores. O espaço está bem concebido e há uma certa liberdade de movimentos. Digamos que o burlesco faz algum sentido e que a curiosidade faz o resto. Falo daPensão Amor, onde encontrei pessoas de várias gerações e nenhuma me parecia estar ali por obrigação. Tanto nas salas mais ‘culturais’, como nas salas mais sexy. Existe uma certa coerência e nem o facto de os tectos parecerem ameaçar cair com mais agitação preocupa os presentes. Um fenómeno de moda a todos os títulos notável. Não é bem a minha praia, pelo menos naquela noite, mas não é por isso que deixo de reconhecer que é um espaço que acrescenta alguma coisa a Lisboa.

Na noite anterior tinha visitado uma discoteca onde não ia há algum tempo e que revelou o mesmo de sempre: um sucesso de bilheteira. O Urban Beach registava uma enchente impressionante, onde os mais novos dançam ao som dos ritmos comerciais e os mais velhos aguardam, no final da noite, pelas sonoridades mais fortes. Outra casa que acrescenta bastante ao roteiro turístico da capital. A diversidade é que faz a riqueza de uma cidade.

vitor.rainho@sol.pt