Dirigente do PS afastado da AICEP

Afastamento de Eurico Dias da agência tutelada por Portas está na origem de mal-estar entre Seguro e o Governo.

eurico dias, dirigente do ps e principal conselheiro de antónio josé seguro para a área económica, foi afastado da nova direcção da agência para o investimento e comércio externo de portugal (aicep), agora tutelada por paulo portas. um facto que criou um grande mal-estar na direcção de antónio josé seguro, que se queixa de o processo não ter sido conduzido com «a devida consideração», pelo facto de se tratar um dirigente máximo do ps.

«não houve lisura e correcção em relação ao maior partido da oposição», resume ao sol fonte da direcção de seguro.

eurico dias é uma peça essencial na direcção de seguro. não é só o principal conselheiro na área económica, como integrou as delegações do ps que reuniram com a troika. em artigos de opinião publicados na imprensa, como em conferências de imprensa no largo do rato, tem feito críticas duras ao governo, culpando-o pelo «desemprego descontrolado», «a espiral recessiva» e «o empobrecimento» do país.

este caso é um grão na engrenagem da relação entre ps e governo, que os socialistas não ignoram. para mais, envolvendo um partido com quem as coisas até tinham começado bem. antónio josé seguro e paulo portas almoçaram no verão, pouco depois de o governo tomar posse. e depois disso falaram algumas vezes a propósito de questões de política externa. contudo, desde este episódio, no final de 2011, as relações azedaram.

eurico dias tinha entrado para o aicep em 2007, pela mão de basílio horta. «fez um excelente lugar», elogia este último. foi primeiro administrador da aicep global parques. depois foi promovido para a aicep portugal global, onde ficou com o pelouro da internacionalização de pme’s. «o seu mandato foi interrompido – só acabaria em 2013. e para ser interrompido tem que haver uma causa forte. não sei qual foi», diz basílio horta.

ao sol, eurico dias explica que a decisão lhe foi comunicada pelo chefe de gabinete de portas, explicando que o governo queria mudar toda a direcção. «se não fosse assim, gostava de ter terminado o mandato, mas não encaro isto com dramatismo», explicou.

questionado pelo sol, o presidente da aicep, pedro reis, não quis fazer comentários. da sua equipa fazem parte um embaixador, o ex-chefe de gabinete de portas no ministério da defesa, um ex-quadro do bes e um dirigente do aicep com 20 anos de casa.

helena.pereira@sol.pt