uma breve visita aos sites dos jornais e televisões do mundo reforça a ideia. mourinho é um guerreiro e aposta tudo no confronto para conseguir diminuir os adversários e para empolgar os seu jogadores.como todos nós, também muda de opinião. quando o entrevistei em 2004, afirmou que aos 55 anos queria estar na pré-reforma a comandar a selecção portuguesa. hoje, já fala nessa hipótese quando estiver na casa dos sessenta e muitos.
por onde passou ganhou quase tudo. por outro lado, como diz um amigo meu, tem um efeito parecido com os eucaliptos, pois seca tudo à sua despedida. quando deixou o fc porto o clube esteve uns anos até regressar à ribalta do futebol europeu; ao abandonar o chelsea de londres o clube como que perdeu brilho, apesar de ter reconquistado o título uns anos depois com carlo ancelloti. já o inter de milão, onde foi campeão europeu, parece ainda estar a viver com os fantasmas do português. agora, em madrid, já se sabe que, em princípio, ficará na próxima época para ver se consegue, finalmente, ganhar a sua terceira liga dos campeões. mourinho precisa de dificuldades para se motivar. sem ter meio mundo contra si, não funciona. pepe guardiola, o seu futuro ex-rival, é em tudo diferente. ponderado, não gosta da guerra de palavras e tem sempre um gesto simpático para o adversário. não foi por essa razão que deixou de ganhar, em quatro épocas, 13 dos 16 troféus em disputa, podendo ainda ganhar este ano a taça do rei. com barcelona a seus pés, decidiu que estava na hora de partir para outras paragens. alegou cansaço de vitórias. o clube é, neste momento, umas das maiores marcas mundiais. em áfrica e na ásia é impressionante o número de fãs que andam com a camisola grená e azul vestida no dia-a-dia. guardiola, à semelhança do comum dos mortais, precisa de novos estímulos para continuar a vencer. por isso talvez vá fazer agora o que mourinho tem feito ao longo da sua carreira. andar de clube em clube a deixar a sua marca. um verdeiro gentleman do futebol mundial.
fazendo um paralelismo – abusivo, é certo –, podemos dizer que não nos faltam razões para continuar a lutar contra a crise. l
vitor.rainho@sol.pt