mas depois, superada a surpresa inicial, e tendo em conta a enorme amplitude criativa do vocalista dos blur e gorillaz – cujo futuro é incerto: albarn confessou ao guardian já não se sentir motivado a gravar com as bandas, só a tocar ao vivo –, é fácil gostar de dr. dee, o seu primeiro álbum a solo.
criado como a partitura de uma ópera sobre a vida de john dee (um homem da ciência, atraído pelo mundo do oculto e da astrologia, que foi conselheiro da rainha isabel i), o disco é descrito pelo músico como «folk pastoral». de facto, os elementos da folk são vários e surgem em comunhão com o canto lírico, a música coral religiosa e sons orquestrais. mas os momentos altos de dr. dee acontecem quando o músico empresta a sua voz às melodias, criando baladas pastorais belíssimas.
o registo, conceptual, traz ainda outro elemento recorrente em albarn: a exploração de uma ideia de identidade britânica. nos blur, revelou a atracção em modern life is rubbish (1993) e parklife (1994), depois de ultrapassada a etiqueta redutora da britpop. mas aqui, recuando até ao século xvi e à vida de john dee, albarn recupera esse fascínio através de um homem que influenciou muitas das decisões de isabel i e, consequentemente, o rumo de inglaterra.
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