numa declaração à margem da reunião desta quarta-feira entre raimundo pereira, o primeiro-ministro guineense carlos gomes júnior, ambos depostos no golpe de
12 de abril, e representantes dos países lusófonos na sede da cplp em lisboa, o chefe de estado interno considerou a nomeação de nhamadjo «absolutamente inconstitucional». raimundo pereira disse ainda que «nunca» renunciou ao cargo assumido interinamente após a morte, em janeiro, de malam bacai sanhá.
mais tarde, gomes júnior foi taxativo sobre a pretensão de lutar pela reposição da ordem constitucional na guiné-bissau, afastando a hipótese de exílio em lisboa: «para quê ficar em portugal? eu sou o primeiro-ministro da guiné-bissau! vamos à luta!».
à porta da sede da cplp, cerca de uma centena de guineenses
manifestavam-se contra a acção golpista.
gomes júnior e raimundo pereira encontram-se desde as primeiras horas desta quarta-feira em lisboa, onde mantiveram encontros com o primeiro-ministro português pedro passos coelho e o presidente da república cavaco silva.
portugal e cplp continuam a condenar o golpe militar de 12 de abril e a defender o reinício do processo eleitoral interrompido. recorde-se que gomes júnior vencera a primeira-volta das presidenciais antecipadas, convocadas após a morte de bacai sanhá.
o apoio aos políticos depostos do paigc por parte da lusofonia permanece garantido, apesar da decisão da cedeao, o bloco regional do ocidente africano, em nomear um chefe de estado de transição, numa cedência aos golpistas.
hoje, e corrigindo afirmações prévias que dariam a entender um apoio dos estados unidos a serifo nhamadjo, washington fez saber que saúda os esforços de mediação da cedeao, mas que defende a reposição da ordem constitucional na guiné-bissau.
a discussão deverá voltar a subir às nações unidas, após uma semana em que os parceiros regionais violaram o aparente consenso em torno de gomes júnior e raimundo pereira.