Nos concertos, chega a ser ridículo as pessoas preocuparem-se mais com filmar do que em viverem o espectáculo. Ridículo, que é como quem diz… Cada um vive os momentos à sua maneira. Como faço parte de uma imensa minoria que não tem Facebook nem entra em nenhuma outra rede social, confesso que acho alguma piada ver amigos a passarem mais tempo a olharem para o telefone e para os tablets do que a conversarem ou a beberem tranquilamente. É certo que as novas tecnologias acabaram com as discussões de taberna. «Quem marcou o golo na final de 1953?»; «Espera aí que já te digo… Foi o Cámolas!». Na noite, as visualizações têm mais a ver com as músicas que estão a tocar, pois quando alguém tem dúvidas é só activar a aplicação que automaticamente mostra a capa do disco que o DJ mais em voga revela em primeira mão… E assim se acabou com a carreira de muitos artistas dos pratos…
Outra das utilidades dos telemóveis modernos diz respeito às assistências das discotecas. Se se quer saber como está a casa X, pergunta-se no Facebook, que logo há-de aparecer alguém na referida discoteca, ligada à rede, a dar as informações pretendidas. Mas, nos últimos tempos, a grande sensação diz respeito às informações de trânsito ou, melhor, à localização das operações stop. São já muitos os que estão ligados a uma rede que dá informações tão úteis como a localização exacta das brigadas que cercam a cidade quase todos os dias. Não percebi se é uma rede social ou se são amigos sociais que vão actualizando o jornal das operações stop. Sei é que a Polícia bem vai mudando de avenidas – além das inevitáveis Av. Ceuta, 24 de Julho e da Índia – para apanhar os mais incautos. É o eterno jogo do gato e do rato. Enquanto uns vão estando atentos a essas manobras, outros distraem-se com outros assuntos.
vitor.rainho@sol.pt