«sou fã do primavera sound desde 2003 e acho que é o festival que melhor sintetiza esta ideia de ser completamente apaixonado por música. assim que soube da vontade deles acrescentarem uma cidade a barcelona, falei com a organização espanhola, que se mostrou aberta à ideia do porto», conta.
com o consentimento de espanha preparou um projecto e começou a angariar patrocinadores em portugal. primeiro foi à câmara do porto, depois à optimus.
da parte da autarquia houve logo, garante vladimiro feliz, vice-presidente do município, «uma empatia muito grande com o projecto», entre outras coisas, «porque o primavera é uma marca global, com muita credibilidade». e o principal patrocinador também não hesitou: «para qualquer marca é interessante estar intimamente ligada à criação de um conceito novo, especialmente quando tem um carimbo de qualidade tão grande. as pessoas valorizam estas associações e acabam sempre por dar à marca o crédito e o prestígio equivalente ao acontecimento», diz pedro moreira da silva, director de comunicação da optimus.
festival sem carnaval
para conquistar o primavera para o porto (também havia interesse de londres, roma, paris e milão), a câmara ‘ofereceu’ o parque da cidade, mas com uma exigência: não se pode estragar o espaço. por isso, o artista plástico joão paulo feliciano foi contratado para dirigir a cenografia.
sem querer desvendar muito sobre o recinto, joão paulo feliciano garante a simbiose perfeita entre a música e o parque da cidade. para isso acontecer, tudo o que é «poluição sonora e visual fica de fora» e os tradicionais brindes dos patrocinadores serão reduzidos drasticamente. «a única coisa que a optimus vai oferecer é uma toalha de picnic, que se integra no sítio onde vamos estar», revela pedro moreira da silva. e feliciano acrescenta: «apostámos na simplicidade. no primavera sound porto não há diversões, não há brindes inúteis que produzam lixo, nem uma imensidão de cores a desviar a atenção do que interessa: a música».
mas a mudança mais radical é o abandono das telas enormes junto aos palcos com os nomes dos patrocinadores. em vez disso, serão substituídas por uma rede camuflada a fazer a ligação com a relva e um dos palcos, o atp, assemelha-se a um pequeno bosque.
porto roubou espectadores
até domingo são esperadas cerca de 75 mil pessoas, 50% das quais estrangeiras. «tal como em barcelona, a procura externa de bilhetes vem do reino unido, frança, itália e, também, espanha», menciona josé barreiro. por isso, alberto guijarro, outro dos directores do primavera espanhol, acredita que o festival do porto roubou, «pelo menos, quatro ou cinco mil pessoas» a barcelona.
porém, os responsáveis espanhóis não lamentam a perda de espectadores na sua cidade natal (que este ano superou os 150 mil bilhetes vendidos). «a escolha do porto também aconteceu porque a cidade tem muitos pontos em comum com barcelona. também é uma cidade portuária, a segunda do país, com uma actividade cultural muito alta e, tal como em barcelona, muito próximo do mar», reforçou alfonso lanza.
por tudo isto, o optimismo em relação a esta primeira edição do optimus primavera sound é bastante elevado. além da «música ter muito poucos anticorpos», diz o director de comunicação da optimus, «o mercado dos festivais em portugal é muito elevado e deve ser dos poucos a crescer no país».
*o sol viajou a convite da optimus