De Tete a Londres: o prazer de construir

Mal chegámos a Tete arrancámos para uma visita guiada à nova ponte sobre o poderoso rio Zambeze. Um dos engenheiros responsáveis pela obra explicou-nos os pormenores da construção – boa parte será construída em túnel.

e tivemos a oportunidade de percorrer as duas margens do rio a bordo de um dos barcos que servem de apoio aos operários. bem perto fica o estaleiro onde estão cerca de 50 portugueses a laborar. no meio da azáfama destacava-se uma jovem engenheira que trata das questões ambientais. em conversa com alguns dos trabalhadores percebemos que regressar a portugal está fora de questão. «só para visitar a família», disseram-nos. tete fica bem no norte de moçambique e parece uma cidade-estaleiro. é por lá e pelas redondezas que muito do futuro da economia moçambicana irá passar. daqui a meia dúzia de anos estará irreconhecível. sendo um autêntico santuário do carvão, a cidade verá o aeroporto ser transferido para outras terras, já que aquelas estão mesmo em cima de uma montanha de carvão. crescem condomínios para os trabalhadores brasileiros, canadianos e demais nacionalidades que contribuem ao lado de moçambicanos para o desenvolvimento do país. no dia seguinte tivemos a oportunidade, única, para mim, de conhecer uma das maiores obras da engenharia lusa: a barragem de cahora bassa. lá sentimo-nos pequeninos, tamanha é a grandiosidade da obra. durante dois quilómetros percorremos o túnel que leva ao coração da barragem. sul-africanos, italianos e moçambicanos circulam pelo espaço que está em permanente manutenção.

sente-se vida por aquelas bandas. há muito por fazer, mas todos sabem que têm um caminho a percorrer.

três dias depois estávamos em londres, em vésperas das comemorações do jubileu da rainha. uma cidade que parece ter sido construída para receber estrangeiros. muitos turistas, outros expatriados. a organização existe em todos os sectores e nada é deixado ao acaso. ruas limpas, apesar dos largos milhares de turistas. informações claras e um mundo por descobrir. numa loja de brinquedos, por exemplo, os empregados estão desde o rés-do-chão até ao quinto piso a mostrar as maravilhas do fantástico mundo das crianças. todos querem vender e têm orgulho no que fazem. talvez seja um pouco do que falta a portugal: prazer no que se faz, independentemente da profissão. l

vitor.rainho@sol.pt