com os primeiros quatro álbuns, os walkmen não ultrapassaram a fasquia de ‘banda de culto’ e só em 2008, com you&me, é que a crítica os colocou ao lado de nomes consagrados como os the national, no chamado universo pop rock indie. dois anos depois, o inspirado lisbon duplicou a plateia, mas será com o competentíssimo heaven, nas lojas desde dia 4, que vão alcançar um novo patamar. neste fim-de-semana estiveram no primavera sound, no porto.
[youtube:b8ydtfgl30s]
ainda assim, hamilton é modesto no que toca a previsões. «gostava que isso acontecesse, porque olho para amigos que estão em bandas populares e vejo que eles viajam em melhores condições e têm uma vida mais fácil, mas sinceramente ainda não descobri como isso se faz», admite, acrescentando, porém, que há um lado da fama que dispensa: «já abrimos para bandas de grandes estádios e aquilo é tudo tão formatado que se torna aborrecido».
apesar de temer a assombração dessa preguiça criativa que, às vezes, a popularidade provoca (veja-se os recentes discos dos interpol ou dos editors), hamilton está seguro em relação a heaven. o título foi escolhido como «uma pequena referência» ao momento que a banda atravessa e reflecte, de facto, um maior estado de maturidade.
«heaven [céu, em português] sugere algo grandioso e feliz. pela primeira vez sentimo-nos legitimados a dizer que temos uma identidade e que conquistámos o nosso lugar. ser músico não é, de todo, ‘um passeio no parque’ e, para nós, foi um percurso longo e difícil, que ainda não terminou, mas já estamos felizes com o que temos agora», afirma.
esta satisfação é reforçada, ainda, pela equilibrada vida familiar que os cinco membros dos walkmen actualmente atravessam. «agora temos todos filhos e, estranhamente, começamos a produzir mais. sempre achei que quando tivesse um bebé ia abrandar, mas tem sido ao contrário. sinto-me muito mais concentrado e tenho escrito mais canções. é muito, muito estranho…», diz.