ao fim de um ano, é boa altura para passos coelho reforçar o governo ou fazer algum ajustamento?
o governo tem funcionado muito bem. conseguiu reerguer a credibilidade do estado e cumprir os objectivos financeiros. e lembro o célebre discurso que mário soares, então primeiro-ministro, fez em abril de 1984, um ano depois de ter pedido ajuda externa. na altura, no balanço de um ano de governo, apelava à paciência dos portugueses, à capacidade que tinham de valorizar aquilo que era importante e de não se deixarem levar na onda de contestação fácil, demagógica e populista das forças de oposição. estas palavras têm muita actualidade, embora a primeira pessoa que as desrespeite seja o próprio. o dr. mário soares hoje acha que devíamos rasgar o acordo com a troika, precisamente nos antípodas daquilo que dizia ao país quando este passava por uma situação semelhante.
o modelo dos super-ministérios tem mostrado resultados?
na área da economia e emprego – uma solução que comportava algum risco porque é uma acumulação significativa – começam-se a notar as vantagens em haver uma tutela única. começa a dar frutos.
e o novo modelo de coordenação política? tem havido falta de coordenação?
os sucessos ou insucessos que o governo possa ter tido este ano não estão ligados à sua estrutura. antes de mais, quem faz a coordenação política do governo é o primeiro-ministro. é a sua principal atribuição. e tem um ministro-adjunto que o coadjuva com uma actuação positiva.
qual foi o pior momento neste ano que passou?
não destacava nenhum em especial. o mais delicado é ter a noção de que estamos a exigir muito às pessoas, que estamos num limiar de esforço, de sacrifício, de sofrimento muito elevado. as famílias da classe média estão fustigadas por uma carga fiscal elevadíssima, a sofrer a reestruturação de todos os serviços públicos, e ainda temos o desemprego a aumentar.
não se sente um líder de uma tropa de combate do governo sem autonomia para além disso?
não. nunca escondi que os grupos parlamentares que suportam o governo devem, em primeiro lugar, fazer isso mesmo, mas não quer dizer que sejam apenas caixa de ressonância do governo.
o cds falou com o psd antes de apresentar o seu pacote de apoio às famílias no crédito à habitação? o que transpareceu foi um atropelamento do psd.
temos conversado sobre tudo. optámos por apresentar cada um as suas iniciativas, que foram conhecidas antecipadamente e muito antes da questão ser suscitada publicamente. temos que ter a noção de que os partidos são dois. não queremos fundir o psd e o cds. queremos que cada um assuma a sua identidade e o seu programa. não haverá nenhum tipo de instabilidade política por, numa ou noutra questão, termos posições diferentes. no geral, a articulação tem sido impecável. mas isso é construído com esforço no dia-a-dia. não é só facilidades.
quando olha para paulo portas, vê mais um mne ou um ministro de estado?
tem sido as duas coisas e com um desempenho muito positivo. tem desenvolvido uma actuação muito importante na diplomacia, sabendo conjugá-la com o interesse económico subjacente à necessidade de captar investimento estrangeiro. também aí os resultados se têm sentido.
o aumento das exportações dever-se-á ao mérito de portas?
o principal mérito é das pessoas e dos empresários que procuram novos mercados e arriscam.