Um golo que não o foi para reacender a discussão

Coincidências ou simples azar que o destino trilhou. No mesmo dia em que afirmou que os árbitros colocados na linha de fundo «vêem tudo», eis que logo surgiu um exemplo para o contrariar. Fala-se aqui nas palavras de Michel Platini, e no par de olhos do presidente da UEFA que foram um de muitos que…

há que lembrar que aqui se escreve com base no que se viu
pela televisão. as repetições permitem, uma e outra vez, rever a jogada e
concluir que, de facto, a bola ultrapassou por completo a linha da baliza. ao
vivo é por certo diferente.

o que se passou, porém, foi mais um erro de arbitragem, e
logo vindo da solução que platini tão bem tinha apregoado na terça-feira. «com
cinco árbitros, eles vêem tudo, não tomam decisões sem terem a total certeza»,
sublinhou. ontem, no encontro entre ingleses e ucranianos, existiu logo um
duplo erro na jogada em causa.

além do árbitro de baliza não ter visto a bola a ultrapassar
a linha, segundos antes, um outro árbitro também não viu o fora-de-jogo de
artem milevski, dos pés de quem viria o passe para marko devic, o homem que
rematou contra o guarda-redes joe hart a bola que não acabou em golo. john
terry impediu-a de tocar nas redes da baliza, mas esta já tinha ultrapassado,
por completa, a linha de baliza.

deste par de erros, o mais falado tem sido o último. a
polémica, neste caso, sobrepôs-se à simples crítica, pois traz consigo o
reacender da discussão em torno da introdução de tecnologia no futebol. e para
isto também contribuiu principal cara da fifa, a organização que rege o futebol
mundial.

sepp blatter, presidente do organismo, escreveu na sua conta
do twitter que «depois de ontem à noite, a tecnologia da linha de baliza já não
é uma alternativa, mas sim uma necessidade».

as palavras do suíço surgem semanas antes de se reunir, a 2 de
julho, com os responsáveis do painel internacional do futebol (ifab), órgão a
quem compete aprovar a implementação deste sistema no futebol, como lembrou o
daily telegraph. aí, nem a crónica oposição de platini à tecnologia poderá
inviabilizar uma decisão pela qual muitos, e há muito, anseiam.

«a tecnologia da linha de baliza não é um problema. o
problema é a chegada da tecnologia, porque, depois, vai ser necessária para
decidir tudo, como mãos na bola ou foras-de-jogo. será assim para sempre»,
explicou assim platini a sua aversão.

por outro lado, exemplos que servem para contrariar a sua
posição não têm faltado. e a inglaterra teima em ser protagonista. já em 2010,
no mundial, os ingleses não marcaram um golo contra a alemanha, nos quartos de
final, porque o árbitro da partida não viu que a bola tinha entrado na baliza,
após embater na barra vinda de um remate de frank lampard.

ontem, foi o defesa inglês john terry a tirar uma outra
bola, esta porém já estava dentro da sua baliza. e uma vez mais, agora com um
árbitro bem mais perto, não foi validado qualquer golo.

um dia após a final deste europeu – a 1 de julho -, a
polémica poderá finalmente ser acabada, ou amenizada, caso seja aprovada a
introdução da tecnologia da linha de baliza no futebol. a discussão, ao menos,
será resfriada. ou mudará de rumo.

diogo.pombo@sol.pt