13 mil pessoas acorreram aos dois dias – 29 e 30 de junho – do festival algarvio, reduzido em duração mas não em qualidade, a crer da organização.
a edição deste ano ficou marcada pela aposta em jovens projectos portugueses, de ligação subtil às músicas do mundo: paus, pela força da percussão; throes + the shine, pela audaciosa fusão entre rock e kuduro; norberto lobo, pela reivenção guitarrística de repertório folk; e you can’t win, charlie brown, pelo ecletismo da sua pop.
depois de por cá passar no verão de 2011, cheikh lô tentou agitar o público com uma mistura de mbalax senegalês, highlife do gana, reggae e música latino-africana, dando mostra da sua versatilidade em palco ao assumir por momentos a bateria. mais embaladora que festiva, a música do cantor apadrinhado por youssou n’dour no início de carreira acabou por funcionar como um aperitivo para a grande novidade deste ano.
trio formado pelos brasileiros arnaldo antunes (ex-tribalistas e titãs) e edgard scandurra (ex-ira!) e o maliano toumani diabaté, a curva da cintura estreou-se em palco na primeira noite do certame com uma performance que pretendeu fundir o rock dos scandurra (pai na guitarra e filho no baixo), as koras dos diabaté (versão clássica por toumani e versão ruidosa, porque electrificada, do filho sidiki), com a voz quente de arnaldo antunes. pouco amadurecida, a fusão surpreendou mas deixou a desejar quanto ao retrato da qualidade individual dos músicos envolvidos.
a segunda noite trouxe os nomes de peso do reggae ernest ranglin, um dos maiores guitarristas jamacainos ainda vivos, tyrone downie, ex-teclista de bob marley, e sly & robbie, dupla que tanto contribuiu para a difusão do género. sob o nome jamaican legends, numa alusão aos 50 anos da independência da jamaica, o grupo deu um concerto essencialmente instrumental. um tributo ao nome que mais celebrizou o género – “we love bob marley!” e que levou o público a cantar em uníssono a ‘redemption song’.
mas seria o concerto de boubacar traoré o momento mais sólido do festival, fechando a última noite em grande. de guitarra na mão, o bluesman maliano fez-se acompanhar de uma base de percussão tradicional, a aproximá-lo das raízes sem lhe retirar a identidade de bluesman, esta última vincada pelos arranjos da harmónica.