em fevereiro de 2011 lançou o disco de estreia e hoje já é um dos cantores mais reconhecidos da península ibérica. sonhava com este sucesso tão repentino?
não, de todo! foi uma surpresa muito grande. claro que tinha a ilusão de ser bem recebido pelo público, mas nunca imaginei que fosse tão rápido.
consegue viver o que está a acontecer?
tento desfrutar o presente porque o mundo da música é um dia em cima, outro em baixo. por isso é importante aproveitar as pequenas vitórias e, sobretudo, quando as coisas correm bem valorizá-las.
sente-se preparado para viver com essas oscilações da carreira musical?
sim, porque tenho plena consciência que a sorte pode mudar de um dia para o outro. ainda assim, acho que a música vai estar sempre na minha vida, independentemente de ter sucesso ou não, porque é uma coisa que faz parte de mim, de quem eu sou.
como se relaciona com a fama? mudou-o de alguma maneira?
tenho 23 anos e quero muito continuar a ser bem-sucedido no mundo da música, mas não quero mudar como pessoa e ficarei preocupado se isso acontecer só por causa da fama. acho que o importante é direccionar essa popularidade para evoluir e crescer como artista.
o que faz para sentir que continua a viver no mundo real?
regresso a casa, limpo o jardim, lavo a loiça… volto à normalidade. mas a verdade é que a minha vida não mudou assim tanto. profissionalmente agora sou mais feliz porque estou a construir uma carreira e tenho algo por que lutar.
faz muitos sacrifícios por esta carreira?
alguns, mas seria cínico se me queixasse. são sacrifícios bons, que valem a pena. com tudo o que está a acontecer, tenho de aprender a lidar com eles a uma velocidade mais rápida, mas tenho uma equipa de trabalho que me prepara e uma família que me ajuda muito… esse talvez seja o sacrifício maior, estar longe deles, de casa e dos meus amigos. mas eles sabem que regresso sempre.
numa altura em que os discos não se vendem, consegue explicar a sua permanência no top de vendas espanhol e português?
não sei… acho que tenho muita sorte. a única coisa que tenho a certeza é a de que quando as pessoas me vêem cantar percebem que isto é a minha vida porque me entrego a 100%. se os discos se vendem por isto, não sei responder, mas acho que também pode influenciar o facto de ter partilhado sempre tudo com o público: os primeiros vídeos caseiros no youtube, a gravação em estúdio das primeiras canções, depois o disco, o en acústico, os telediscos… isso faz com o público perceba que a minha música é de todos, não é só minha ou da minha equipa.
estudou canto clássico e ópera, mas seguiu uma carreira ligada à música popular e romântica. porquê?
a verdade é que sempre gostei de todo o tipo de música e tanto me interesso por ópera ou canto lírico, como por fado e jazz… gosto de ir ‘picando aqui e ali’…
sempre sonhou ser músico?
sim, desde pequeno. não sabia se ia ser profissional, mas a música sempre foi uma parte muito importante da minha vida.
com que idade descobriu a música?
aos 7 comecei a aprender piano, aos 11 guitarra e aos 12 comecei a compor. uns anos mais tarde já dava concertos na escola, na brincadeira, com os meus colegas. depois comecei a participar em concursos de cantautores de málaga e foi aí que comecei realmente a pensar dedicar-me totalmente à música.
depois de espanha e portugal, está a apostar na américa latina. tem uma estratégia para conquistar esse mercado?
já estivemos na argentina, méxico, chile e porto rico e era um sonho conseguir trabalhar neste mercado, mas não tenho nenhuma estratégia definida.
não há nenhum dueto planeado, como fez em portugal com a carminho?
não, mas mesmo que tivesse não era um plano para conquistar aquele público. com a carminho, foi tudo muito casual. ofereceram-me um disco dela, apaixonei-me pela voz, pela interpretação, e convidei-a a colaborar comigo. quando o fiz nunca imaginei o que ia acontecer em portugal.
mas um artista que quer fazer da música profissão deve ter um ‘plano de combate’?
um músico não deve pensar muito nisso porque se não for verdadeiro o público percebe e, na maioria das vezes, não gosta.
no início do mês esteve em guimarães, aveiro e santarém. como foi conhecer o público português?
foi maravilhoso! até me ofereceram uma guitarra portuguesa, com a bandeira de coimbra. fiquei rendido a portugal e ainda estou muito emocionado. nunca pensei ter tanta gente. em santarém estiveram 40 mil pessoas… foi uma loucura! quando vejo as fotos que tirei com o telemóvel, ainda me parece que vivi um sonho.
como vai ser o concerto no cool jazz?
vai haver uma parte muito intimista e nostálgica e outra parte bastante positiva, alegre, em que o público vai ter de se pôr de pé e acabar a dançar.