Das mais frequentes, destaco ‘a vida é uma autêntica montanha-russa’. Olhando para a animação nocturna, os mais antigos lembrar-se-ão do que já foi a avenida mais movimentada da noite portuguesa: falo obviamente da 24 de Julho, que no dia em questão chegou mesmo, em determinado ano, a ser encerrada ao público para que os foliões andassem de bar em bar sem terem de se desviar de carros.
Além do Plateau, Kremlin, Trifásica e Kapital havia um sem-número de bares e tascas nas proximidades que davam à zona uma vida ímpar, destacando-se ainda o Metalúrgica e mais tarde o 24 de Julho. Havia uma casa que vendia frango assado a noite toda, uma taberna onde não faltava pão com chouriço e caldo verde, mais os bares-restaurantes como o Até Qu’enfim, Viúva, etc. Poucos admitiriam, por exemplo, que, uns anos depois, a agitação que aí se vivia iria passar para o então decrépito Cais do Sodré. Hoje, é lá que acorrem hordas de sequiosos a qualquer hora. Segundo me diz um amigo mais batido na zona, os after hours do Europa acabam às 10 horas da manhã e são muito procurados por gente de várias latitudes.
Quando há uns anos se apostou na 24 de Julho, arriscou-se em casas ou armazéns semi-abandonados, numa área conotada com má vida, onde pouco queriam arriscar. Rapidamente se tornou um sucesso, embora hoje seja uma sombra do que foi.
Cais do Sodré, Bairro Alto e a zona junto ao rio são hoje os grandes pólos de atracção da rapaziada. O mesmo se passa no Porto, onde a área industrial que albergava os locais da moda foi substituída pela Rua da Galeria de Paris. Mas da mesma forma que hoje estão em voga, amanhã darão lugar a outros locais. Exceptuando as zonas privilegiadas, junto ao rio ou ao mar, os espaços dançantes terão uma longevidade limitada. É a tal montanha-russa…l
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