Caixa troca EDP por espanhóis da Endesa

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) decidiu passar a ter a espanhola Endesa como fornecedora de electricidade do grupo, em vez da EDP – Energias de Portugal, com quem anteriormente tinha contrato, apurou o SOL.

a factura de energia do banco estatal rondará os cerca de 14 milhões de euros por ano, segundo informações recolhidas pelo sol. este valor é o equivalente aos gastos de uma cidade média como tomar.

a operar no mercado liberalizado português há vários anos, a endesa terá conquistado o banco doestado como cliente com a oferta de um «pacote alargado de serviços», a par de uma «redução significativa das tarifas» face à sua concorrente, explicam fontes ligadas ao processo.

a administração da cgd recusa-se, porém, a comentar com detalhe esta operação que visa reduzir os custos energéticos do grupo, em linha com a lógica alargada de maior poupança que está a seguir. «a caixa tem uma política de escolha de fornecedores com base em concursos no quadro de uma orientação estratégica de racionalização de custos», responde apenas fonte oficial da instituição financeira, quando questionada pelo sol.

além do impacto económico e financeiro, o contrato com o banco do estado tem um significado institucional e político de relevo no sector. por isso mesmo, fontes envolvidas no processo contaram ao sol que a administração da endesa emportugal, liderada por nunoribeiro da silva, ‘jogou todos os trunfos’ para começar a ser a fornecedora do grupo cgd – que já não é o seu primeiro cliente no sector financeiro nacional. alguns dirigentes de topo da eléctrica espanhola estiveram mesmo envolvidos directamente no concurso da caixa, conduzindo as negociações em reuniões com os altos responsáveis do banco estatal.

contactado pelo sol, nuno ribeiro da silva escusou-se a fazer comentários sobre este assunto, alegando que devido à política de confidencialidade da empresa, não pode falar de contratos ou clientes sem o seu acordo. o presidente da endesa portugal confirma, porém, que a eléctrica espanhola está com «uma forte estratégia comercial no mercado português, que está a dar óptimos resultados.temos conseguido clientes de topo».

em 2011, a endesa facturou cerca de 800 milhões de euros com a comercialização de electricidade em portugal e «esperamos aumentar o volume de negócios este ano», adianta o gestor. a eléctrica espanhola também produz energia em portugal, onde está presente desde 1993.

55% dos consumos estão no mercado liberalizado

mais de metade da energia consumida em portugal, 55%, já é fornecida no mercado liberalizado, segundo dados do regulador divulgados na semana passada.

deste total, 39,1% é fornecida pela edp (que opera através de duas empresas diferentes nos mecados regulado e liberalizado), logo seguida da endesa, com 25,1% e da iberdrola, com 23,3%. o número de consumidores no mercado livre cresceu 60% até ao final de junho comparado com o mesmo mês do ano anterior, para 584 mil.

e, tal como acordado no memorando com a troika (banco centraleuropeu,comissãoeuropeia e fundo monetário internacional), as tarifas reguladas acabam no dia 1 de janeiro do próximo ano.

frederico.pinheiro@sol.pt
tania.ferreira@sol.pt