sugerimos um conjunto de livros para mentes variadas, quer as que se preocupam com a crise e podem encontrar algum consolo na pena de paul krugman, quer as que preferem divertir-se com a ‘pornografia para mamãs’ de as cinquenta sombras de grey, o livro erótico que toda a gente quererá ler no conforto (e discrição) do seu e-reader. entre os dois extremos, várias possibilidades mais canónicas se oferecem.
quanto à música, o tema da estação é mesmo ‘myth’, dos no ano passado ultra-alternativos beach house e que este ano impuseram o seu som em todas as esplanadas. para uma banda sonora altamente dançável twinshadow e santigold são os nomes a ter em conta. mas, na verdade, falta um hino ao verão como o glorioso e velhinho ‘40 graus à sombra’, dos radar kadhafi.
discos
bloom
beach house (bella union)
os beach house já eram uma banda de culto em portugal há alguns anos, mas o disco de 2010, teen dream, consolidou a devoção. este ano, chegaram com bloom na primavera e o orelhudo ‘myth’ foi o tiro certeiro para a banda andar ‘nas bocas do mundo’.
some nights
fun (warner/farol)
o trio nova-iorquino lançou o segundo disco no início de junho e, neste momento, a banda está em rota de ascensão rumo ao sucesso. o grande responsável é o single ‘we are young’, com a participação de janelle monáe.
confess
twin shadow (4ad/popstock)
george lewis jr, nome verdadeiro de twin shadow, já tinha impressionado com o disco de estreia, forget, em 2010. mas é com confess que vai conquistar as pistas de dança, ao som dos luminosos ‘golden light’ ou ‘five seconds’.
boys and girls
alabama shakes (ato/coop)
às vezes, a voz de brittany howard parece a de robert plant, dos led zeppelin, mas noutras ocasiões, a vocalista dos alabama shakes assume o ritmo de uma clássica cantora soul. em qualquer um dos registos, há uma energia constante neste disco do início ao fim.
visions
grimes (4ad/popstock)
claire boucher é a jovem canadiana, de 24 anos de nome artístico grimes. apesar de jovem, visions (lançado em abril) já é o seu terceiro disco, trabalho que tem nos singles ‘genesis’ e ‘oblivion’ cartões de visita ideais para este cruzamento de electrónicas e pop.
master of my make-believe
santigold (warner/farol)
o segundo disco de santigold é uma festa, ideal para o verão. ‘disparate youth’ marca o ritmo das celebrações, prolongando-se a animação por ‘god from the machine’, ‘this isn’t our parade’, ‘the riot’s gone’ ou ‘go’.
get free
major lazer (universal)
os major lazer são formados pelos conhecidos dj diplo e switch, num projecto criado em 2009. o ep deste ano traz este tema sedutor, com a participação de amber coffman, dos dirty projectors.
swing lo magellan
dirty projectors (domino)
em 2009, bitte orca colocou, finalmente, os dirty projectors no lote de bandas a prestar máxima atenção a cada novo disco. o sucessor aí está e, com ele, o som da banda de nova iorque ganha sonoridades mais solarengas.
strange weekend
porcelain raft (secretly canadian)
o disco de estreia a solo de mauro remiddi, que agora assina com o nome de porcelain raft, saiu no início do ano, mas merece ser recuperado agora: as canções deste italiano contagiam com a sua melancolia doce.
salto
salto (norte sul/valentim)
a dupla do porto lançou no início do mês o disco de estreia, um hino à boa pop cantada em português, simples e directa. merecem atenção e têm tudo para conquistar este verão.
criôlo
b fachada (mbari)
como tem acontecido todos os anos em julho, b fachada acaba de lançar o seu novo disco de verão (é o próprio que o intitula assim). criôlo recupera o talento do músico para a composição de canções, desta vez influenciada por ritmos africanos.
cinco dias e meio
miguel araújo (emi)
o tema ‘os maridos das outras’ já é amplamente conhecido, mas há mais pérolas no disco de estreia a solo do vocalista dos azeitonas.
livros
desde que o samba é samba
paulo lins (ed. caminho)
do autor de cidade de deus, um triângulo amoroso entre uma prostituta carioca, o seu chulo e um português de gema.
fogos
raymond carver (ed. quetzal)
ensaios, poemas e contos de um escritor de culto norte-americano. carver foi um dos responsáveis pela ascensão da short story a género maior da ficção contemporânea.
uma manhã perdida
gabriela adamesteanu
(ed. d. quixote)
romance sobre a negra história do século xx romeno por uma das mais destacadas escritoras romenas de hoje.
pena capital
robert wilson (ed. d. quixote)
mais um thriller do autor de quarteto de sevilha que, desta feita, leva a acção para a índia.
as cinquenta sombras de grey
e l james
o primeiro volume da trilogia que já vendeu milhões e deu fortuna à autora. a obra de e. l. james é o furor deste verão (como não havia desde millenium). mas aqui o motor das vendas não é o crime, mas o sexo explícito e com sado-masoquismo. viciante mas mal escrito, dizem as más línguas.
a química das lágrimas
peter carey
(ed. gradiva)
peter carey, que venceu o booker prize duas vezes, regressa com uma comovente história de amor impossível.
um lugar dentro de nós
gonçalo cadilhe
(ed. clube do autor)
gonçalo cadilhe conta histórias das suas viagens com o objectivo de levar o leitor a inspirar-se a fazer a sua própria viagem. que pode ser interior.
acabem com esta crise
paul krugman (ed. presença)
o autor, prémio nobel da economia, e que esteve recentemente em portugal a ‘observar’ o nosso resgate, dedica-se a estudar a crise actual, recorrendo ao passado para propor soluções. recomendado a todos os economistas de bancada.