o filho, um agricultor à séria que adora conduzir tractores e tratar dos animais, foi o eleito pelo pai. não terá como missão decidir os destinos dos negócios, isso fica para quem sabe, mas de zelar pelos princípios que nortearam e norteiam a vida de warren buffett. ou, se se quiser, a cultura da empresa.
howard, filho mais velho, cedo despertou para a agricultura e, como nunca acabou um curso superior, quando se quis lançar na agricultura o pai emprestou-lhe o dinheiro, que terá pago até ao último cêntimo. na reportagem, o pai explica que não quis criar uns inúteis que vivessem às suas custas.
antes de nomear o filho mais velho como sucessor, buffett doou a maior parte da sua fortuna à fundação de bill gates, que se dedica, entre outras acções, a ajudar e incentivar agricultores africanos. a história é ainda mais impressionante porque howard também tem uma fundação onde ‘gasta’ anualmente 50 milhões de dólares a ensinar agricultores da américa latina e de áfrica a tirarem o melhor proveito dos solos. para apimentar a situação, howard defende uma teoria bem diferente da praticada pela fundação de bill gates. como é ele próprio que vai muitas vezes para o terreno, entende que a melhor forma de ensinar os agricultores não é replicar o modelo que usa nos eua. os terrenos são diferentes, as culturas também. mas nem por isso guarda qualquer tristeza pela decisão do pai de entregar a fortuna a gates.
vem esta conversa a propósito da polémica das fundações portuguesas. é extraordinário como há tantas e com tantas ajudas do estado. sem duvidar da legitimidade de algumas – que promovem bolsas de estudo, estágios, etc. – parece-me um pouco escandaloso que tantos se aproveitem dessa figura, fundação, para tirarem proveitos próprios. quer seja para receberem dinheiros públicos ou para ter benefícios fiscais. não é suposto que quem cria uma fundação tenha a nobre intenção de contribuir para o desenvolvimento do país? curiosamente, nas listas divulgadas, fiquei com a ideia de que dois dos grandes empresários mais atacados no país, actualmente e no passado, não receberam qualquer tostão dos cofres públicos, antes pelo contrário.
falo da fundação champalimaud e da de soares dos santos. que ganharam muito dinheiro, mas deram e dão emprego a muita gente. a isso chama-se riqueza.
vitor.rainho@sol.pt