qualquer semelhança entre a personagem da série televisiva uma família muito moderna e a actriz que lhe dá vida não é pura coincidência. «a gloria foi escrita a pensar em mim», contou à edição mexicana da revista gq. «quando estamos em gravações vejo como todos olham para mim. ‘esta mulher é doida’. o que como, como falo, como discuto ao telefone», acrescentou ao los angeles times.
gloria é o estereótipo da mulher latina em solo americano. fala alto e age no quente das situações. «o nick [loeb] interroga-se sobre o facto de eu estar a discutir com a minha irmã e no momento seguinte já estar a fazer as pazes e a almoçar com ela».
e apesar de gerar sentimentos contraditórios nos espectadores latinos a viver nos estados unidos (mais de 50 milhões), segundo uma reportagem do new york times, a sua personagem conseguiu valer à colombiana sofía vergara o sucesso internacional que nunca conseguira na televisão hispânica.
através de gloria, contou a actriz à gq, pode expressar-se naturalmente no seu inglês com forte sotaque espanhol. «no início, aqui na américa, tentava corrigir a minha pronúncia. agora não me importo, falo assim, as pessoas riem, eu gosto disso e todos nos divertimos».
sobre o mesmo, em entrevista ao saturday nigh live, da nbc, em abril de 2009, gracejou no discurso inicial: «podem ter reparado que às vezes tenho um bocado de sotaque. mas adoro-o, consegue fazer com que qualquer coisa soe sensual. ora ouçam: gonorreia, rick santorum, nova jérsia».
a combinação de humor – «sempre fui a palhacinha da turma na escola» – com a suas curvas chamativas tornou-se no cocktail perfeito para revistas masculinas como a esquire e a gq. quando esta última lhe perguntou se se sentia explorada com a personagem, vergara respondeu: «nada. aproveitei as oportunidades. a minha carreira deve-se à minha aparência e não tenho vergonha disso. abriu-me tantas janelas. mas também sei que se não tivesse mais nada além disso a minha carreira já teria acabado há muito tempo. é por isso que vejo a sophia loren como o exemplo perfeito de beleza, sex appeal e de como nos devemos apresentar em público».
a rapariga dos biquinis
foi a passear na praia que um olheiro de uma agência de modelos a descobriu. sofía, a quem os irmãos chamavam ‘palito’, tinha então 17 anos e acabava de ser convidada a despir-se num anúncio da pepsi. a educação católica fê-la hesitar, mas com a conivência dos professores da marymount school barranquilla, a proposta foi avante. peça sobre peça, a roupa caiu na areia escaldante, formando uma passadeira para a jovem de cabelos loiros (por natureza) que, agora apenas de biquíni, provocava torcicolos aos rapazes da paisagem balnear. a publicidade foi um sucesso e acabou por levá-la à carreira de modelo, deixando para trás os três anos de estudos de odontologia em bogotá.
tinha 18 anos quando, à revelia da família, deu o nó com josé gonzalez, numa cerimónia onde não faltou uma escultura feita com latas do refrigerante que publicitara na tv, segundo a revista digital colombiana kienyke.com. da união, que durou dois anos, acabou por nascer manolo, hoje com 22 anos. «a minha vida como mãe tem sido dura, mas não um pesadelo» afirmou ao jornal da flórida sun-sentinel, acrescentando que gosta de fazer «o trabalho que as mães fazem»: «é parte da vida».
depois de o irmão rafael ter sido assassinado em bogotá – disse que foi o momento mais difícil da sua vida à revista cosmopolitan do méxico, em outubro de 2011 –, sofía mudou-se com a família para miami. na cidade californiana, um casting abriu-lhe portas para a univísion, a maior cadeia de televisão em espanhol nos estados unidos. foi apresentadora dos programas a que no te atreves e fuera de serie. neste último, sobre viagens, apareceu várias vezes de fato de banho, e dali foi um passinho para a aparição num episódio da série televisiva sobre salva-vidas em los angeles, baywatch.
quando se aproximava dos trinta anos, analisou o seu percurso feito a pensar no público latino – adepto também dos seus calendários para a latin world entertainment nos anos de 1998, 2000 e 2002 – e resolveu que era hora de fazer a transição da televisão hispânica para a americana.
mas antes teve de lutar contra um tumor na tiróide, que removeu numa operação bem-sucedida. «agora estou em recuperação, e a cicatriz não me chateia», contou à revista self, em 2010. «depois da cirurgia em 2003, o meu filho fez-me uma cicatriz de franknstein no pescoço com photoshop e enviou a foto aos meus amigos a dizer ‘estou bem, pareço perfeita!’. foi muito engraçado».
depois de analisar com os seus agentes as oportunidades que encaixavam no seu perfil em hollywood – «sendo que uma delas era o facto de não haver em terreno de comédia uma latina consolidada», explicou à cosmopolitan – sofía estreou-se na tela de cinema com filmes como chasing papi, no qual fez de uma empregada de mesa, e grilled, no papel de um travesti que não lhe causou estranheza, contou ao site advocate. «de qualquer forma, pareço um transexual. sou uma mulher, mas sou super exagerada nas minhas mamocas, no meu rabo, na minha maquilhagem, no meu sotaque».
em 2005 correram rumores de que a ex-namorada de enrique iglesias (nos anos 90) se envolveu com tom cruise, facto que nunca chegou a confirmar.
certa é a aliança que aceitou durante uma visita às ruínas de chichen itzá, no méxico, no passado 10 de julho, data do seu 40.º aniversário. nomeada pela terceira vez para os emmy awards e recém-considerada a mulher mais bem paga da televisão dos estados unidos – 19 milhões de dólares nos últimos 12 meses – pela forbes, a noiva disse à gq que ser uma sex symbol quarentona, ao lado de novatas como megan fox e mila kunis, só pode ser «uma grande satisfação».