uma onda de indignação varreu o país após o congressista todd akin ter defendido, numa entrevista televisiva, que em caso algum o aborto deve ser permitido: «aquilo que me dizem os médicos é que é muito raro (a mulher engravidar em caso de violação). se se trata de uma violação legítima o corpo da mulher tem formas de tentar parar aquilo tudo».
akin caiu em desgraça. no seu pedido de desculpas pela «escolha errada de palavras» disse que queria antes dizer «violação forçada» – uma expressão não menos enigmática do que a primeira e que não fez estancar a saída de apoiantes e principalmente de fundos para a campanha. mitt romney e paul ryan (de quem akin é ou era próximo) viram-se na contingência de se distanciar deste antigo seminarista e de repetir a frase de obama, «violação é violação».
akin, cujas posições ultraconservadoras incluem a defesa do uso de armas sem restrições, já se tinha feito notar ao criticar o «ódio a deus» do campo liberal por separar o estado e a religião.
é o exemplo de um político que mistura de forma perigosa soberba com ignorância – mas no seu caso agravado por pertencer ao comité do congresso dos eua para a ciência, espaço e tecnologia.
o caso que o congressista pelo missouri desencadeou no domingo passado poderá vir a ter consequências mais danosas do que falhar a eleição para o senado. ao não aceitar o ‘convite’ da dupla candidata à casa branca no sentido de desistir, akin comprova que os extremistas que dão pelo nome de tea party não fazem concessões, nem sequer aos líderes republicanos. e arrasta o tema do aborto para a campanha presidencial, quando romney – que queria centrar-se na economia – tinha vantagem, nas sondagens, entre as mulheres. agora esse capital corre o risco de esfumar-se.