Mitt Romney e o caminho até à nomeação

Há muito que já se sabia que a convenção que decorreu nesta semana em Tampa, Florida, servia apenas para entronizar Mitt Romney como candidato à presidência dos Estados Unidos.

para trás deixou seis rivais, alguns com propostas mais ou menos delirantes – como o fim da separação do estado e da religião proposta por rick santorum –, outros com dificuldades ao nível do discurso que fizeram lembrar o ex-presidente e campeão emérito das gafes, george w. bush.

não foi só o dinheiro – apesar da extrema importância deste nas campanhas norte-americanas – que levou o empresário a ser o escolhido por um partido cada vez mais radicalizado. para tal usou de todo o pragmatismo – há quem chame contorcionismo – de um político e adaptou o discurso. enquanto governador de massachussets levou avante um plano de saúde que inspirou o que foi introduzido por obama – o qual agora critica. na altura era defensor do controlo de armas, da legalização do aborto, e acreditava que se deviam tomar medidas para minorar as alterações climáticas. em todos estes dossiês mudou de posição nos últimos meses.

de resto, mantém um discurso suficientemente vago para tentar escapar-se entre as gotas da chuva, disparando contra obama e o estado da economia. fazendo alarde da bem-sucedida carreira de empresário, promete aplicar a mesma receita na casa branca. com isso conseguiu derrotar a ala fundamentalista cristã, que desconfia do mormonismo que romney professa, e escolheu uma estrela em ascensão para a vice-presidência.

enquanto consultor, romney teve uma carreira plena de sucesso. e não teve pejo em comprar empresas para depois levá-las à falência, tendo levado milhares de pessoas para o desemprego e conseguido lucrar milhões. se a dupla romney-ryan chegar a washington a desregulação da economia será uma prioridade. é legítimo. mas não se vê como é que o estado vai lucrar com falências e desemprego.

cesar.avo@sol.pt