deixar derrapar o défice orçamental este ano e cumprir a meta em 2013 é uma das propostas que está a ser estudada entre o governo e a troika, sabe o sol. porém, qualquer flexibilização às metas do programa, como é o caso desta proposta, terá sempre de ser pedida pelo governo e não oferecida ou proposta pelos credores externos.
a solução evita pedir mais tempo, mas abre portas a uma austeridade mais forte no próximo ano. já em 2012, os portugueses não deverão escapar a mais medidas de austeridade. com a meta do défice de 4,5% do pib descartada, fonte das finanças admite que a solução deverá ser um misto entre novas medidas de contenção e uma ‘luz verde’ da troika para derrapar o défice.
se o andamento das contas públicas se mantiver como até agora, o défice este ano ficará entre 5,2% e 5,8% do pib (o diário económico noticiava ontem que o governo teria entregue à troika um défice de 5,3%). o executivo poderá optar por lançar medidas para atenuar o défice e colocá-lo na casa dos 5%, mais 0,5 pontos que a meta acordada com a troika e um desvio que o próprio fmi já admitiu aceitar.
porém, perdoar o défice este ano, significa mais trabalho em 2013, um ano que se avizinha muito difícil em matéria orçamental. o governo tem de encontrar cerca de 6 a 7 mil milhões de euros entre mais receitas e menos despesas para alcançar as metas: 2 mil milhões para substituir o corte de dois salários da funções pública chumbado pelo constitucional, cerca de 1,5 mil milhões de euros para compensar a derrapagem de 2012 (desvio de 0,9 pontos do pib) e mais 2,5 mil milhões de euros do ajustamento de um défice de 4,5% do pib para 3% do pib.