‘É fundamental sermos um país de pessoas amáveis’

Turismo deve diversificar a oferta. Violência dos grupos jovens assusta.

tem dito que a segurança é uma preocupação.
evidentemente que o governo tem responsabilidades primeiras nessas áreas. para mim a prioridade das prioridades é o combate ao desemprego. mas também o problema da segurança pública. de há alguns anos para cá, com particular incidência na cidade da praia, mindelo e na assomada, os níveis de insegurança suscitam alguma preocupação. tenho utilizado a expressão de que atingiram a dimensão que não é comunitariamente suportável. todos sabemos que às vezes os níveis reais de insegurança não correspondem exactamente à percepção dos cidadãos. mas a percepção tem que ser levada em conta. e mesmo do ponto de vista real tem havido um aumento significativo de crimes violentos e de violência urbana praticada por grupos jovens, os chamados ‘thugs’. é necessário haver uma intervenção firme e forte. deve-se investir na prevenção e em meios técnicos, logísticos, operacionais e científicos da polícia de segurança pública, mas também e sobretudo das polícias ligadas à investigação criminal. creio que é um investimento seguro. somos um país que tem como principais trunfos a estabilidade política, a tranquilidade social. do ponto de vista dos investidores e da atracção do turismo, níveis razoáveis de segurança são importantes.

a aposta do país deve passar só pelo turismo?
não creio que deva ser a única. mas quem analisa as perspectivas de desenvolvimento aponta no mesmo sentido: a economia de cabo verde tem de criar condições para que haja financiamento endógeno de crescimento, sobretudo no contexto internacional em que vivemos. se não tivermos crescimento económico não geramos riqueza e não criamos postos de trabalho para vencer o desemprego, que é um dos principais desafios e que atinge especialmente os jovens – dois terços da população tem menos de 33 anos – e as mulheres. temos de criar uma economia de serviços, virada para as exportações. dentro desse âmbito, o turismo é o mais visível e está sobretudo ligado ao sal e à boa vista. temos de criar condições para diversificar a oferta turística. temos ilhas como santo antão, o interior de santiago, a brava, o fogo, que têm condições… o fogo é um tesouro para um certo tipo de turismo. ou seja, ter uma oferta turística que não se limite apenas a sol e mar, mas com circuitos integrados. apesar de ter havido uma crise nos últimos anos, o turismo cresceu em virtude de factores exógenos, que foi a fuga de turistas de algumas zonas que viviam momentos de instabilidade política. volto à ideia de que a estabilidade política, de sermos um país de pessoas amáveis, é fundamental.

cesar.avo@sol.pt