Portugal voltou a sair à rua contra a austeridade

Mais de 100.000 pessoas nas ruas de Lisboa, outras tantas no Porto e dezenas de milhares de manifestantes em mais de 30 outros locais do país. O que estava planeado ser um mero protesto anti-troika transformou-se numa grande manifestação contra a austeridade e contra o Governo após o anúncio da mexida na TSU.

ainda sem números oficiais do total de pessoas que este sábado saíram à rua, e apenas com estimativas da organização, é já certo que os protestos desta tarde rivalizaram em dimensão com as manifestações de março de 2011, os maiores do pós-25 de abril.

lisboa voltou a ser o palco maior, com uma marcha entre as picoas e a praça de espanha marcada pelo arremesso de tomates contra a delegação portuguesa do fundo monetário internacional. terminada a manifestação oficialmente apartidária que reuniu velhos e novos, famílias e estudantes, um grupo de alguns milhares de pessoas rumou ao final da tarde para são bento, protestando noite dentro em frente à assembleia da república.

no porto, segundo a organização, 100.000 pessoas protestaram na avenida dos aliados contra a austeridade e o desemprego.

coimbra, viseu e aveiro terão assistido às maiores manifestações desde 1974, braga terá reunido entre 5.000 e 10.000 opositores da austeridade e do governo psd/cds-pp, e milhares de pessoas protestaram em setúbal e no funchal.

as manifestações decorreram de forma pacífica, registando-se no entanto alguns incidentes. em aveiro, um jovem com cerca de 20 anos imolou-se pelo fogo ao entrar na sede do governo civil, ferindo-se sem gravidade nos braços e no pescoço. em lisboa, uma pessoa foi detida junto à delegação do fmi e registavam-se desacatos em frente ao parlamento, não havendo até ao momento registo de ferimentos ou detenções.

ainda na capital, foi lançado o mote para novos protestos. na sexta-feira, o local de encontro é as imediações do palácio de belém.

os protestos acompanhados minuto a minuto:

22h30: encerramos neste momento o acompanhamento minuto a minuto dos protestos anti-troika deste sábado.

22h19: e a imprensa estrangeira, como acompanhou os protestos em portugal? os principais títulos online, da bbc ao el país, ignoram categoricamente o assunto. os protestos em espanha congregam maiores atenções, apesar de não terem mobilizado tanta gente. a reuters fala de portugal num take sobre espanha e aponta para 150.000 portugueses nas ruas, 100.000 em lisboa. a associated press menciona apenas os 50.000 que responderam afirmativamente à convocatória lisboeta no facebook.

21h47: aveiro: o jovem que se imolou pelo fogo esta tarde na sede do governo civil está fora de perigo. sofreu queimaduras de segundo grau no pescoço e num braço, informa a lusa.

21h45: lisboa: a situação volta a serenar em são bento. recorde-se que os organizadores das manifestações deste sábado sublinharam repetidas vezes o carácter pacífico dos protestos e que o grupo que seguiu posteriormente para o parlamento fê-lo após o final da manifestação ‘oficial’.

21h40: lisboa: os habituais grupos de vândalos de cara tapada que têm manchado as últimas manifestações pacíficas arremessam a esta hora pedras contra os agentes da psp nas escadarias da ar. são repreendidos por alguns manifestantes pacíficos. a polícia mantém-se calma.

21h34: porto: mais de 30 mil pessoas saíram à rua, indica a psp, citada pela lusa. elementos da organização admitem um número duas vezes maior.

21h26: mais números: 20 mil manifestantes em coimbra, 10 mil em aveiro, 5 mil no funchal.

21h13: lisboa: ao contrário dos actos de provocação aos agentes da autoridades que ocorrem neste momento em são bento, o ambiente na praça de espanha e na avenida da república era quase de cumplicidade entre polícia e manifestantes. os elementos que faziam a guarda à delegação do fmi trocavam sorrisos, piscares de olho e cumprimentos com os transeuntes. excepção para os arremesso ocasional de tomates e garrafas de plástico.

21h09: lisboa: chuva de petardos contra agentes da psp nas escadarias da assembleia da república. os ânimos voltam a aquecer em são bento, onde estão agora alguns milhares de manifestantes.

21h03: números da psp citados pela lusa para outras cidades: cerca de mil manifestantes em portimão, 500 em évora, três a quatro mil em setúbal, 1.500 em vila real, 5.000 em braga. as grandes multidões registaram-se em lisboa e no porto, onde ainda não há números oficiais da adesão ao protesto.

21h00: lisboa: recuperamos a informação de que uma pessoa foi detida esta tarde em frente à delegação do fmi. em são bento, os manifestantes pedem a solidariedade da polícia: «juntem-se a nós!»

20h57: lisboa: centenas de manifestantes a esta hora em são bento, em frente ao parlamento.

20h46: cerca de 20 mil pessoas protestaram este sábado em coimbra. em viseu, fala-se de uma das maiores manifestações desde o 25 de abril de 1974.

20h45: registo para pequenas manifestações de algumas dezenas de portugueses em berlim, paris, londres e bruxelas.

20h42: lisboa: recordava há momentos o jornalista ricardo rego um dos momentos mais enternecedores da manifestação de sábado. numa varanda da avenida de berna, uma senhora de avançada idade batia uma panela. lá em baixo, os manifestantes retribuíam com uma ovação e muitos sorrisos.

20h40: lisboa: a manif ‘rebelde’ chega à assembleia da república. pequenos desacatos quando alguns manifestantes derrubam as barreiras metálicas posicionadas pela polícia.

20h01: é a maior manifestação de sempre em portugal, afirma a sic na abertura do jornal da noite.

20h00: lisboa: manifestantes prometem voltar às ruas, frente ao palácio de belém, na próxima sexta-feira.

19h54: aveiro: um jovem de cerca de 20 anos imolou-se pelo fogo e entrou no edifício do governo civil de aveiro. foi assistido pelo inem, terá sofrido queimaduras graves mas não corre risco de vida.

19h51: lisboa: a manifestação terminou oficialmente na praça de espanha, que recebeu um mar de gente. um grupo de manifestantes partiu para são bento de forma espontânea. o desafio foi lançado a tinta de grafitti num outdoor na praça de espanha. naquele outdoor, agora vandalizado, estava propaganda da jsd, e lia-se há dias que «todos temos de fazer a nossa parte».

18h36: lisboa: alguns notáveis na praça de espanha: joão galamba, ana gomes, ana drago, josé manuel pureza, catarina martins, pilar del rio, garcia pereira. já tínhamos assinalado também a presença de manuel alegre.

18h31: lisboa: a porta da delegação do fmi na avenida da república, onde se pede a demissão de passos coelho, continua a ser o ponto crítico da manifestação, mas a maioria das pessoas opta por seguir para a praça de espanha.

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18h27: lisboa: um dos aspectos mais interessantes da manifestação desta tarde é a grande variedade de públicos unidos sob uma mesma bandeira. observam-se famílias com crianças, jovens universitários e pessoas mais velhas. nota-se a mistura entre os ‘veteranos’ das manifs e os que muito provavelmente protestam nas ruas pela primeira vez. mas a maioria dos manifestantes aparenta ter mais de 40 anos, contrariando o habitual predomínio da juventude nas manifestações dos ‘indignados’.

18h20: viana do castelo: várias centenas de pessoas marcham na principal avenida da cidade, noticia a lusa.

18h16: lisboa: elementos da organização pedem aos manifestantes através de megafone para saírem da frente da delegação do fmi e para avançarem para a praça de espanha: «a nossa luta é na praça de espanha».

18h15: lisboa: manifestantes continuam a gritar palavras de ordem contra o fmi. em frente à delegação, na avenida da república, o ambiente continua tenso e ouvem-se estrondos e rebentamentos.

18h10: lisboa: a cabeça da manifestação chega à praça de espanha, mas ainda há gente a sair do ponto inicial da marcha, em picoas. dois quilómetros e meio separam os dois locais.

18h05: madrid, espanha: 65.000 protestaram contra as medidas de austeridade do governo de marianjo rajoy, conta o el país.

17h58: lisboa: ânimos exaltados junto à delegação do fmi. ouve-se o rebentamento de bombas de fumo.

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17h48: lisboa: grupo aparentemente à margem da manifestação provoca a psp com arremesso de tomates. pede-se calma entre os manifestantes, conta o jornalista do sol ricardo rego.

17h44: lisboa: polícia de intervenção guarda a porta da delegação do fmi em portugal. manifestante atirou uma garrafa para o perímetro de segurança marcado por elementos da psp.

17h41: porto: noticia a lusa que os organizadores dos protestos dão uma conferência de imprensa onde se desvinculam de quaisquer partidos políticos e sindicatos: «esta manifestação espontânea é um movimento de portugueses e para portugueses».

17h40: paris: cerca de 30 cidadãos portugueses protestam junto à representação diplomática nacional na capital francesa, noticia a lusa.

17h37: lisboa: a manifestação passa à porta da delegação do fmi, na avenida da república, paredes meias com o millenium bcp. uma monumental vaia. «fora daqui, fmi!», ouve-se.

17h30: setúbal: grande multidão na avenida luísa todi.

17h28: lisboa: «passos, rua!», gritam os manifestantes.

17h27: porto: milhares de pessoas na avenida dos aliados, mostram as imagens de helicóptero da sic e da rtp.

17h25: lisboa: manifestantes aplaudem helicóptero que sobrevoa a avenida da república. neste momento, a manifestação ocupa as duas vias da avenida.

17h21: leiria: muita gente a esta hora na avenida heróis de angola em leiria, uma cidade pouco habituada a protestos desta dimensão.

17h17: lisboa: o metropolitano está apinhado com muitas pessoas que ainda estão a chegar ao local do protesto. portas abertas nas estações mais próximas para ajudar a escoar a multidão. hoje não se controla o bilhete. imagens de helicóptero transmitidas pela sic notícias mostram um grande aglomerado de gente a preencher a avenida fontes pereira de melo, a praça do saldanha e a avenida da república.

17h16: lisboa: o ex-candidato presidencial manuel alegre participa na principal marcha desta tarde.

17h14: lisboa: equipas de televisão internacionais acompanham os protestos em lisboa.

17h10: lisboa: membro da organização diz ao sol que poderão participar na manifestação de lisboa pelo menos 50 mil pessoas. o número pode vir a aumentar à medida que mais pessoas esperam o momento para se juntar à manif. o público é heterogéneo: novos e velhos, famílias e jovens, estudantes e reformados.

17h05: internet: as tags #15spt#15sept e #15set reúnem tweets e fotos das manifestações. o sapo tem um blogue fotográfico dos protestos actualizado em tempo real.

17h01: lisboa: «fora, fora daqui! a fome, a miséria e o fmi!», ouve-se nas ruas.

17h00: lisboa: começou a marcha. a manifestação entra na avenida fontes pereira de melo.

16h59: lisboa: elementos da psp dirigem-se aos membros da organização que integram a cabeça da marcha e acertam os últimos pormenores do percurso da manifestação.

16h56: braga: seis mil pessoas nas ruas, segundo o público.

16h56: lisboa: manifestantes respondem ao apelo para o início da marcha e fazem-se acompanhar de tachos e panelas. já se ouvem palavras de ordem contra o fundo monetário internacional (fmi).

16h53: lisboa: organização pede aos manifestantes que se comecem a alinhar junto ao liceu camões para o início da marcha.

16h50: lisboa: no eixo praça de espanha – avenida de berna – avenida da república – picoas o trânsito automóvel começa a ser fechado. muita gente nas ruas desta zona central da cidade de lisboa, a caminho da manifestação. forte contingente policial.

16h36: lisboa: milhares de pessoas estão já concentras na praça josé fontana. a organização acaba de ler o manifesto que serve de mote à manifestação.

16h30: arrancam as emissões especiais dos canais televisivos. muita gente já nas ruas em braga e no porto. a praça josé fontana em lisboa começa a encher. em coimbra, menos pessoas a esta hora.

15h50: internet: última contagem de cabeças online: no facebook, 56.000 pessoas prometem estar presentes na manifestação de lisboa (praça josé fontana, 17h), 25.000 no porto (aliados), 4.000 em braga (av. central), 5.000 em coimbra (p. da república), 1.200 em faro (largo da pontinha), 2.500 no funchal (praceta do infante).

15h30: boa tarde. vamos acompanhar minuto a minuto o desenrolar dos protestos anti-troika (entretanto convertidos em protestos anti-austeridade e anti-governo) marcados para este sábado em dezenas de pontos do país. ilustra o nosso artigo a faixa colocada esta manhã na torre do castelo de castelo branco.