Por vezes, não consigo reconhecer nenhum dos nomes e com a ajuda de alguém da redacção lá chegamos à conclusão de que os famosos previstos só são famosos por o serem. Durante os últimos anos tenho visto desfilar um número considerável de personagens que vão desaparecendo tão depressa quanto chegaram. Nada tenho contra tais figuras, embora também nada tenha em seu abono.
Na semana passada, quando vi o último filme de Woody Allen não pude deixar de pensar nas tais listas de famosos confirmadas para as tais festas. Allen é para mim um génio e retrata situações comuns a muitas sociedades de uma forma brilhante. Num dos quadros do filme Para Roma, com Amor, o cineasta serve-se de Roberto Benigni para ilustrar essa condição. Ao acordar, um pacato empregado de escritório é transformado num famoso. Todas as televisões e jornais querem saber o que come ao pequeno-almoço, como faz a barba, que tipo de cuecas usa, etc. De uma vida de anonimato passa a entrar em casa de todos os espectadores e em todo o lado é recebido como um ser superior. Não lhe faltam propostas de mulheres famosas, nos restaurantes passa à frente de todos, até que um dia o seu tempo se esgota e é descoberto outro famoso que ocupará o seu lugar. Como é evidente, volta para o anonimato da sua vida tranquila como empregado de escritório, sem que antes tente a todo o custo que o reconheçam como figura pública…
Já vi dezenas de Benignis na vida portuguesa nos últimos anos. Personagens que são explorados – e que se aproveitam disso – até ao momento em que deixam de vender e são atirados para um canto. Se olharmos para as tais figuras que fazem presenças em discoteca, recebendo dinheiro para estarem presentes, percebemos como este país é pobrezinho. Gente famosa que se tornou famosa por dizer umas asneirolas nalgum programa abaixo de cão. Vidas à portuguesa…
vitor.rainho@sol.pt