um ano após o assassínio de muammar kadhafi, a normalização da líbia ainda está por alcançar. figuras do regime como o filho do coronel, saif al-islam, ou o ex-chefe dos serviços secretos, desconhecem se irão ser julgados em trípoli ou no tribunal penal internacional. outros ainda estão a monte, mas neste sábado mais um foi preso: mussa ibrahim, o último porta-voz da ditadura, foi detido em tarhuna, fugido de bani walid.
esta cidade é considerada o último refúgio dos apoiantes de kadhafi. «a infelicidade de bani walid é que se tornou um santuário para criminosos, contra-revolucionários e mercenários», declarou o presidente do congresso nacional, al-magarief.
nas últimas semanas, e em resposta ao assassínio do revolucionário que descobriu a localização de kadhafi, a mais poderosa milícia dirigiu-se para aquela cidade. nos últimos dias os combates intensificaram-se e contabilizaram-se sete mortos e 80 feridos. o exército também deslocou unidades, mas até agora não interveio.
congresso dividido
nem o facto mais feliz da líbia pós-kadhafi — as eleições parlamentares de julho, que decorreram de forma pacífica e deram a vitória a um bloco de partidos não islamistas — apaga o resto. o próprio congresso vive quase paralisado, dadas as profundas divisões.
ainda no dia 14 foi escolhido um novo primeiro-ministro interino, após o falhanço do anterior em conseguir apresentar um governo. ali zidan, antigo diplomata da era kadhafi (exilou-se nos anos 80), tem agora de conseguir uma base de apoio para formar um governo que dure até haver constituição e novas eleições em conformidade com a lei fundamental.
enquanto o poder central se mostrar fraco dificilmente as milícias desarmarão. «a questão aqui é segurança, segurança, segurança», explica o deputado hassan al-hamin ao the guardian.
o exemplo mais cabal foi a tomada, em setembro, do consulado norte-americano em bengazi e o assassínio do embaixador christopher stevens — um admirador da revolução líbia — por parte de uma brigada fundamentalista. assim como a fúria do povo que se seguiu: as sedes das milícias salafistas foram invadidas, e os extremistas expulsos. morreram 11 pessoas e 70 ficaram feridas.
na ocasião um militar afirmou à al-jazeera: «precisamos do apoio do governo para nos defendermos dos extremistas. não nos libertámos de 42 anos de ditadura para deixar que outra forma de terrorismo tome o país», afirmou o coronel el-dressi.