azealia banks tem 21 anos e ainda não lançou o disco de estreia, mas já é um fenómeno no mundo da música. tal como lana del rey no ano passado – que com apenas o single ‘video games’ atingiu o sucesso mundial –, a popularidade de azealia começou a crescer no final de 2011, quando divulgou ‘212’ na internet. em poucas semanas, a canção atingiu milhões de visualizações no youtube.
além da recompensa do público, o tema também suscitou a atenção dos media especializados e a jovem americana, natural do bairro nova-iorquino harlem, acabou 2011 a encabeçar a lista dos artistas mais cool do ano para a revista new music express. a aceitação repetiu-se em janeiro, quando a bbc radio 1 a incluiu na corrida para o sound of 2012, prémio anual da rádio britânica que elege o músico revelação do ano que se inicia.
apesar ter ficado em terceiro lugar (atrás de michael kiwanuka e frank ocean), azealia conseguiu destaque suficiente para lançar a sua carreira. o mediatismo de ‘212’ chamou a atenção das grandes editoras, que começaram a assediá-la com um contrato. acabou por assinar com a interscope, da universal music.
apostando no rap como forma de expressão, o estilo musical não foi, porém, a sua primeira paixão. «não me lembro com que idade me interessei por musicais, mas devia ter uns dez anos quando descobri o tada! youth theater [uma companhia de teatro de manhattan com programas especiais para crianças] e decidi que ia trabalhar na broadway», disse à bbc.
para perseguir esse sonho, azealia inscreveu-se igualmente na laguardia high school of music & art, dedicada à formação de jovens actores e músicos. «aquele liceu preparou-me para o que estou a fazer agora. no laguardia todos os alunos lutam por um papel no musical que encerra o ano lectivo. é muito parecido com o mundo real, quando se começa a fazer audições», disse ainda à bbc.
curiosamente foi essa experiência no ‘mundo real’ que a afastou dos musicais. «quando comecei a fazer audições percebi que aquele ambiente competitivo não era para mim», referiu ao jornal britânico the guardian, revelando que as primeiras canções que escreveu resultaram dessas rejeições. «no início escrevi canções r&b, mas depois transformaram-se em temas rap. como não tinha muita confiança no que estava a fazer, mostrava a poucos amigos, mas foram eles que me encorajaram a continuar».
a música de azealia reflecte as influências multiculturais que se sentem no harlem, mas também o ambiente socialmente degradado do bairro. e a experiência individual da cantora explica, muitas vezes, algumas das suas letras mais agressivas. «tínhamos algum dinheiro, mas cresci na ‘escuridão’. a minha mãe tinha problemas. depois de o meu pai morrer tornou-se violenta e ofendia-me, tanto verbal como fisicamente. batia-me com tacos de basebol e estava sempre a dizer que era feia», revelou ao site that grape juice, mencionando que saiu de casa aos 14 anos para ir viver com a irmã mais velha.
a música é, então, uma maneira da cantora «expressar» os seus «medos e desejos». «há muita gente que acha ‘212’ deselegante, mas eu não quero ofender ninguém. a música é só uma forma de comunicar», mencionou ao guardian.
com o disco de estreia broke with expensive taste agendado só para fevereiro, azealia tem revelado o que se vai poder ouvir no álbum com os ep ‘esta noche’, ‘fantasea’ e ‘1991’. as amostras já lhe valeram elogios públicos de personalidades como kanye west. mas as vénias não vêm só do mundo da música.
na moda, karl lagerfeld foi o primeiro a manifestar devoção por azealia, chegando mesmo a convidar a rapper para actuar numa festa privada na sua casa. depois do criador da casa chanel, foi a vez de os estilistas nicola formichetti, designer de lady gaga, e alexander wang elogiarem o estilo da cantora e mostrarem interesse em trabalhar com ela.
questionada sobre o assunto, azealia diz que não está a tentar ser a cantora «mais mediática, sexy e estilosa do planeta», embora compreenda que a imagem «é uma componente» daquilo que faz. talvez por isso, mais uma vez, tal como aconteceu com lana del rey (que protagoniza a campanha desta estação da h&m), o assédio do universo da moda a azealia banks pode funcionar como mais um empurrão para a sua música, que promete levar a rapper muito longe.
alexandra.ho@sol.pt