SOL&SOMBRA

O mais e o menos da semana visto por José António Lima.

SOL

Paulo Júlio

Apesar da oposição de muitos autarcas e da não apresentação de propostas pela maioria dos concelhos, o secretário de Estado da Administração Local vai mesmo avançar com a redução de cerca de 25% das freguesias (menos 1.165 do actual total de 4.259) e de um terço das empresas municipais. O projecto foi agora enviado ao Parlamento. Pode alegar-se que esta reforma terá um impacto mínimo na despesa do Estado, mas ela vale, sobretudo, pelo simbolismo e pelo exemplo. Ao reorganizar estruturas e divisões administrativas há muito arcaicas. E ao não ceder perante a pressão dos interesses e lóbis partidários, o que é raro na política portuguesa.

SOMBRA

António José Seguro

Confrontado com a necessidade de uma reforma de fundo na despesa do Estado, que obriga a cortes estruturais e permanentes por forma a equilibrar de vez as contas públicas, o líder do PS vai fazendo de conta que está aberto ao debate. Mas, ao mesmo tempo e na prática, recusa qualquer corte efectivo nas áreas sociais (Educação, Saúde e Segurança Social) onde se concentra a maioria dos insustentáveis gastos do estado. É uma posição tacticamente oportunista, que pode render dividendos eleitorais a curto prazo, mas que retira ao PS, enquanto partido de Governo, seriedade e credibilidade a longo prazo.

Alberto João Jardim

A tremida vitória sobre Miguel Albuquerque para a liderança do PSD-Madeira, por escassos 2% dos votos, foi o sinal definitivo do fim próximo do seu longo ciclo de poder. Forçado a aceitar um duríssimo programa de austeridade, sem dinheiro para distribuir por obras e clientelas como no passado recente, percebe-se que os madeirenses já pouco esperam dele para resolver os problemas do arquipélago e melhorar a vida das populações. Não soube sair a tempo e vai arrastar-se penosamente no final de mandato. Até sair pela porta baixa.

Mário Soares

Muito francamente, já não há pachorra para as suas diárias e catastrofistas imprecações ao Governo, em artigos, entrevistas e intervenções avulso. Consegue mesmo ultrapassar, em azedume e bota-abaixismo, os velhos dos Marretas. Esquecendo até a austeridade que ele próprio impôs há 30 anos, de braço dado com o FMI. Haja paciência…

José António Lima