Sexo, espiões, militares e políticos

Está encontrado o enredo do filme do século e que muita tinta irá fazer correr por esse mundo fora. Apesar dos dados disponíveis serem todos os dias ultrapassados, uma certeza há: sexo, espiões, militares e políticos é uma mistura explosiva cujo alcance ninguém consegue prever.

vamos aos factos: um general responsável pelas tropas americanas no afeganistão decide autorizar uma biografia oficial, permitindo que a biógrafa o acompanhe em diversas situações. ao abandonar o afeganistão, o general é promovido a director da cia, a suposta agência de informação mais bem preparada do planeta. enquanto isso, petraeus, casado e com filhos, começa um affair com outra mulher, jill kelley. este nome só aparece na história um pouco mais tarde, depois de se saber que petraeus terá também tido um caso com a sua biógrafa, paula broadwell. esta, ao descobrir a outra mulher, começa a enviar-lhe cartas ameaçadoras. por sua vez, jill kelley apresenta queixa ao fbi, que acaba por descobrir a autora das ameaças. curiosamente, a legítima mulher do general raramente é referida nas notícias. a confusão instala-se e petraeus é obrigado a apresentar a sua demissão da cia, quando tem em mãos dossiês complicadíssimos.

pelo meio aconteceram as eleições presidenciais e suspeita-se que um funcionário do fbi tenha tentado oferecer o escândalo aos apoiantes do adversário de obama. como é de calcular, fbi e cia odeiam-se mutuamente e o material do enredo mete segredos de estado, além dos de cama. segundo a legislação americana, o adultério nas forças armadas pode condenar o autor a um ano de prisão, além da demissão de todos os cargos.

para apimentar a história, o general que sucedeu a petraeus no comando no afeganistão, john allen, também foi apanhado em trocas amorosas com jill kelley. só que, ao que se supõe, os jogos amorosos dos generais também passavam pela troca de informações vitais para o país. no caso de allen, o fbi encontrou mais de 20 mil documentos ou sms trocados entre os dois.

se o caso envolve ou não a revelação de documentos secretos, saber-se-á nos próximos capítulos. o que não deixa de ser insólito é que os dois generais que comandaram mais de 100 mil tropas americanas acabem por sucumbir aos jogos do amor. os talibãs não podiam ter melhores aliados do que paula broadwell e jill kelley. além, claro, da estupidez dos generais. nos eua já se diz que estamos perante o novo watergate. a seguir com atenção.l

vitor.rainho@sol.pt