isto é: se grande parte da população depende do que os outros compram, o cenário é bastante negro. com o poder de compra a baixar fortemente, não será muito difícil adivinhar que no próximo ano o desemprego irá disparar.
basta olhar para as centenas de centros comerciais que estão às moscas para se temer o pior. mas aqueles que ainda têm emprego debatem-se diariamente com a pressão dos chefes para conseguirem vender mais. tudo se complicou com o anúncio da malfadada tsu, altura em que os portugueses tomaram consciência do que os espera, retraindo-se ainda mais no que ao consumo diz respeito. e quem está atrás de um balcão é ‘obrigado’ a ‘obrigar’ os clientes a comprar. já ouvi histórias arrepiantes de pressão psicológica sobre empregados que acabam por não resistir. como há milhares de pessoas à espera de conseguirem um emprego, as condições daqueles que exercem a profissão degradam-se de dia para dia. o resultado será o inevitável baixar dos salários. até que ponto não se sabe, mas ainda há dias estava num serviço público e a empregada desmaiou por falta de alimentos, apurei depois. mãe solteira e sem ajuda de ninguém, os 400 e poucos euros que leva para casa pouco mais dão do que para garantir a alimentação do filho e pagar as despesas obrigatórias. penso que as autoridades competentes terão um papel determinante em não permitir que se pague menos do que o salário mínimo.
este é o lado negro da história. o positivo pode ser dado por um maior profissionalismo de alguns que atendem o público em geral. é preciso ‘ensinar’ que quanto mais venderem e quanto melhor servirem os clientes, mais o seu lugar estará garantido. os portugueses tinham muito a filosofia de que se ‘vender muito é bom para o patrão’. errado. se não existirem patrões, não há emprego.
voltando ao cenário negro do último censos – não falando sequer na baixa de natalidade –, diga-se que outro dos sectores que mais trabalhadores empregam é o da construção civil… o que também torna o cenário preocupante. precisamos de apostar em sectores como o turismo, a exportação de bens como o vinho, o calçado ou a cortiça. alguma saída haveremos de ter. l
vitor.rainho@sol.pt
