numa eloquente entrevista sobre o problema dos transportes, fernando nunes da silva, vereador da mobilidade da câmara de lisboa, conta que recebeu na capital portuguesa o responsável pelo funcionamento do sistema de transportes públicos de barcelona, que serve um milhão e meio de pessoas. quanto olhou para o quadro de funcionários da carris e do metro de lisboa, o catalão colocou as mãos na cabeça e perguntou como é possível, já que só o pessoal técnico-administrativo, não operacional, é muito mais do que o de todo o sistema de transportes da sua cidade, onde há o triplo de utilizadores.
a resposta é simples: só é possível porque durante mais de 35 anos os sucessivos governos foram colocando os seus boys nos tais serviços administrativos. boys esses que vão depauperando as contas do estado e vão mandando para o desemprego quem realmente é necessário, quer seja na área operacional ou na administrativa.
mas se pensarmos que a carris e o metro de lisboa são apenas a ponta do icebergue, não será difícil imaginar quantos milhares de empregos foram criados artificialmente nos últimos anos. quando rebentou a crise grega, muito se falou no hospital que tinha mais de 20 jardineiros para tratar de uma única árvore. em portugal não devem faltar ‘jardineiros’ no aparelho do estado. seja nos ministérios, nas empresas público-privadas, nas câmaras ou em fundações abençoadas pelos sucessivos governos.
há quem acredite que todos os males do país se devem à troika. mas estou em crer que se a tal ‘criatura’ se debruçar sobre os boys colocados pelos diferentes partidos em diferentes áreas, poderá prestar um grande serviço ao país. já que os governantes portugueses não o conseguem fazer, então que deixem quem sabe fazer.
p. s. todos os dias saem notícias sobre processos que envolvem suspeitas sobre determinados indivíduos. é um padre que é acusado de ser pedófilo; é um marido que é acusado de ter assassinado a mulher; é um político que é acusado de favorecimentos pessoais; tudo normal. ninguém questiona as notícias. o mais extraordinário é quando as notícias falam de pessoas que são queridas à maioria da população. aí levanta-se um coro de indignação! mas perante a lei não somos todos iguais? inocentes até prova em contrário, mas notícia em qualquer dos casos. l
vitor.rainho@sol.pt