a parte ideológica de cada um não é escondida até porque a eleição funciona como um grito de revolta. das votações a que assisti, quase sempre, a redacção procurava votar contra o sentido de voto da direcção. também, regra geral, os eleitos eram quase sempre os óbvios e quando isso não acontecia surgiam figuras ou acontecimentos tão ‘insólitos’ que uns anos depois ninguém conseguia explicar a razão de tal escolha.
um bocado cansados desse modelo, este ano optámos por pedir à chamada sociedade civil que se encarregasse de fazer as suas escolhas. ouvimos médicos, professores, polícias, advogados, magistrados, padres, políticos, desportistas, cineastas, gente ligada à moda, ao teatro e às mais diferentes artes. todos se pronunciaram sobre as suas áreas e, à semelhança das redacções, algumas das escolhas foram as óbvias. mas muitas outras são surpreendentes e revelam figuras e acontecimentos que escaparam ao comum dos mortais, mas que se justificam plenamente. os eleitos, regra geral, são figuras ou acontecimentos que merecem verdadeiramente ser destacados. por exemplo, a reitora da universidade católica, maria da glória garcia, escolheu cecília calado como figura nacional, pelo seu papel na descoberta de uma vacina que previne infecções do foro gástrico, nomeadamente o cancro do estômago. como figura internacional optou por malala yousafzai, a paquistanesa de 14 anos que foi baleada por um talibã, por querer estudar. «malala é já o símbolo da luta pelo direito à educação», diz a reitora.
claro que grande parte dos ‘opinadores’ falou na crise, no direito à manifestação, nos mal-amados vítor gaspar e angela merkel ou na reeleição de barack obama.
não ficámos pela crise. na área da cultura procurámos saber que filme, série, livro, concerto, exposição, peça de design, entre outros, se destacaram no corrente ano. ficámos também a saber quais as melhoras compras em lojas, os melhores restaurantes e as refeições inesquecíveis, as viagens de sonho, além dos bares e discotecas de eleição. uma votação pouco secreta, já que todos deram a cara pelas suas opções.
feliz natal. l
vitor.rainho@sol.pt
