o frio das primeiras horas da manhã ameaça atrofiar os movimentos, quando um coro de gritos de entrosamento fotográfico começa a quebrar o gelo. «um, dois, três… feliz natal!». primeiro uma a uma, depois em grupo, crianças dos três aos 15 anos ensaiam poses de recordação ao lado de um atarefado pai natal, inseparável de uma expedita trupe de duendes. «quem é que ainda não tem fotografia?». a pergunta, projectada por uma voz de supervisão, trava os passos dos mais novos à entrada do jardim zoológico de lisboa e depressa precipita um bailado de dedos no ar. por quase duas horas, até perto do meio-dia, o ritual repete-se em ritmo de procissão e dá as boas-vindas a 130 crianças institucionalizadas.
de uma escola para cinco instituições
meninos e meninas – que as disfunções familiares relegaram ao cuidado da acção social –, todos aceitaram o convite da edp e assistiram, no sábado, à chegada do pai natal ao zoo. o momento, iniciado pela romaria fotográfica, cumpre a tradição natalícia do grupo, este ano embrulhada numa dose dupla de novidades. além de alargar a experiência a cinco instituições de solidariedade – leque até agora reservado a uma escola por natal – , a campanha de 2012 distingue-se por um novo nível de responsabilidade social. «porquê ter uma hospedeira a entregar os brindes às crianças ou a encaminhá-las para as fotografias com o pai natal? ninguém melhor do que os colaboradores da edp para aplicar no terreno o valor da marca. no fundo, a empresa está a devolver à sociedade aquilo que ela lhe dá».
das palavras de ana sofia vinhas, directora de comunicação da edp, à utilização do jardim zoológico como anexo da casa do pai natal, encontram-se os esforços de cerca de 20 funcionários do departamento de marca e de comunicação do grupo. por eles passa a arrumação de centenas de sacos-oferta da empresa – distribuídos a todas as crianças que chegam ao zoo – e uma série de mochilas especialmente preparadas com material escolar e desportivo para os 130 convidados.
já com o presente às costas, a que se junta um boné e uma t-shirt personalizados à imagem da ocasião, joão, de dez anos, partilha com os companheiros de instituição – como ele estreantes no zoo – o entusiasmo de uma manhã para guardar nas melhores memórias. «não eram focas, eram leões-marinhos», corrige o aluno do 4.º ano, num tira-teimas lançado à medida da atracção mais interactiva do dia: o espectáculo na baía dos golfinhos. ou, para usarmos a apresentação dos animadores de serviço, «um cruzeiro à volta do mundo», embalado por informações sobre espécies marinhas e alertas ambientais.
mas, a avaliar pelo comportamento das crianças do lado esquerdo da plateia – de onde a equipa do sol assiste à apresentação –, são as piruetas aquáticas, sonorizadas por vários sucessos musicais, que mais fazem a delícia do público de palmo e meio.
nas filas da frente, alexandre – que tão depressa balança o corpo ao som de um samba como se entrega às batidas do fenómeno sul-coreano ‘gangnam style’ – solta a inquietação num sobe e desce de cadeiras, apenas interrompido pela passagem de uma famosa dupla do mundo animado.
max à frente e leena atrás, os dois leões distraem a espera em tempo de intervalo, estrategicamente cumprido para permitir a substituição dos leões-marinhos pelos golfinhos. com a troca de equipas aquáticas já despachada, a viagem regressa a portugal, através das águas do sado. aqui, lembra a voz de sensibilização ambiental, é preciso travar o avanço das embarcações para reduzir o impacto da poluição e as ameaças à alimentação de uma espécie em risco de extinção: os golfinhos do sado.
a lição completa a aula de joão e companhia, imbatíveis na velocidade com que debitam a lista de animais encontrados ao virar de jaulas e vedações. «já vimos tigres, girafas, macacos, hipopótamos… e agora vamos continuar ». até às 16h, hora marcada para a despedida do grupo de joão, todos fizeram questão de cumprir o slogan do dia «dá a volta ao zoo com a tua energia».
