Eram tantos e estavam bem ‘acelerados’, o calor era quase insuportável, pensava eu, as casas de banho estavam num estado lastimável, as filas para pedir bebidas eram infindáveis, já para não falar das caixas de pagamento. A verdade é que ninguém se mostrava preocupado com esses factores e continuavam a rumar não sei muito bem para onde, mas estavam felizes. Riam, e só não caíam porque não tinham espaço. Ao que me disseram, estava lá a verdadeira selecção sub-20, público que muitas casas procuram conquistar a todo o preço. E isso é que achei interessante, sociologicamente falando. Os filhos das ditas melhores famílias e os petizes com sucesso na TV e na Rádio estavam numa discoteca onde a qualidade de serviço era mediana, devido ao excesso de procura, é certo, onde deslocar-se de um lado para o outro era quase missão impossível e onde muitos estavam mais bêbedos do que o Vasco Santana no Pátio das Cantigas.
Talvez por isso, muitos metiam-se deliberadamente com todas as miúdas que lhes passavam à frente.Penso que elas também não se comportavam de forma muito diferente. A música, tanto quanto me apercebi, passava por muitos hits comerciais. A verdade é que só lá estive o tempo suficiente para beber uma cerveja e fugir para apanhar ar puro. O meu amigo, especialista nesta matéria, dizia-me que o mais importante destas noites é o conceito. As pessoas gostam de estar onde estão as outras e em que a animação não falte. E isso não faltava seguramente. Pouco importa se demoram tempo a ser servidos ou se o calor é infernal – neste caso, despe-se mais uma peça de roupa.
O retrato desta noite é bem o espelho da realidade nocturna: o grande pelotão de clientes é liderado pelos jovens que vão, quando muito, até aos 30 anos e o grosso da ‘maralha’ não tem sequer 25. Adoram beber e pensam que o mundo é um enorme deserto e como descobriram o oásis não saem dali. Nem que o Pai Natal desça à Terra!
vitor.rainho@sol.pt