Premonições de um musicólogo

Um ano acaba, outro começa, com muitas expectativas, sonhos e novas tendências famintas por se darem a conhecer e por se afirmarem.

tenho uma opinião muito própria sobre o caminho que a música electrónica está a seguir e também (como não poderia deixar de ser) sobre os novos desafios e oportunidades que se deparam à música portuguesa num mercado deveras competitivo como este.

vários foram os fogachos e as tímidas e isoladas experiências de dar um novo conceito à música portuguesa, nomeadamente ao fado. modernizar não tem de significar destruir nem tão pouco desvalorizar o riquíssimo passado que temos. mas, de facto, sou dos que acreditam que o fado tem muito mais para dar e muitos caminhos por onde ir e isso muito deve à sua cultura de exigência. embora compreenda e respeite, acho pouco ambicioso confinar vozes tão brilhantes e sons tão originais (falo da guitarra portuguesa, obviamente) a algumas tradicionais tabernas portuguesas. depois de carminho e outras terem tentado, acredito que nunca tivemos tão perto de o conseguir como com a brilhante interpretação de ana moura do tema ‘a case of you’, de joni mitchell. resulta a fusão com a música romântica, resulta com pop e resulta porque a nossa música é, de facto, de extrema qualidade. o desafio que lanço para 2013 é a entrada na música electrónica. fundir as nossas vozes e maravilhosa guitarra com o chill out ou com o deep house parece-me um exercício estimulante e, acredito, com resultados surpreendentes. assim alguém tenha a coragem…

como aqui tinha escrito em crónicas anteriores, acredito que o próximo ano será o ano do regresso definitivo e em grande do house puro, das batidas sexys, das vozes graves, dos sons melódicos e elegantes. acredito, mas não como foi, tudo se reinventa e se adapta aos tempos em que vivemos. é uma segunda oportunidade para nova iorque, e uma grande oportunidade para miami se afirmar em definitivo, bem como tóquio. é uma nova vida para dj como vibe – assim a saibam aproveitar –, mas é sobretudo o palco de dj como low deep t. penso também que será o ano de afirmação das dj femininas, o que muito me agrada, pois trazem com elas novas interpretações da música e sons tocados com uma alma diferente. longe vão os tempos em que eram apenas as famosas e as miúdas giras com cd gravados que subiam à mesa de mistura (às vezes sem lhe tocar). hoje temos grandes dj femininas com música de grande qualidade.

acredito também que continuaremos a assistir ao regresso da era dos micro-clubes, pequenos e seleccionados. cada vez as pessoas se dividem em mais tribos, cada vez se dispersam em gostos cada vez mais díspares e se a isso juntarmos o facto dos países em crescimento terem hoje em dia uma classe social ávida por mostrar que não se mistura com qualquer um, temos os ingredientes perfeitos para que espaços com capacidade para 400 ou 600 pessoas, no máximo, sejam os mais requisitados.

esta é a minha opinião, seguramente terá a sua. concretizando-se ou não, o que espero e desejo é um ano de 2013 com novas tendências, com música de qualidade e com público apaixonado. a música faz parte da nossa vida e ela também nos ajuda a definir o caminho. acredito que ouvir um bom tema o ajudará a si, como me ajuda a mim a ver a vida de outra forma. é isso que desejo a todos e que tenham um novo ano na linha da frente! l