As excepções são dadas por pessoas que têm de se deitar cedo ou por aquelas que têm algum receio de não conseguirem entrar na hora de grande confusão. Há também aqueles que, para evitarem estar nas enormes filas de sábado, optam por chegar mais cedo.
Mas, estruturalmente, os portugueses começam a festa verdadeiramente dita já bastante tarde, hábito pouco comum noutras latitudes que não as latinas. Alguém consegue imaginar, por exemplo, os londrinos a chegarem às discotecas por volta das três da manhã? Do que conheço, só mesmo os muito conhecidos é que optam por essa modalidade, até porque, em muitos casos, o preço de ingresso vai aumentando com o adiantar da hora.
Já o hábito lusitano acaba por prejudicar muitos dos frequentadores desses espaços, pois quanto mais tarde entram, mais ‘entornados’ estão. Logo a sua diversão vai estar condicionada por isso. Além de que quem vai para conquistar alguém – e, sim, são muitos – tem a vantagem de já estar mais desinibido, mas com muito menos discernimento e muito mais cansado. Quem não ouviu falar de amigos ou amigas que se arrependeram de terem estabelecido contacto com pessoas pouco recomendáveis ou que pareciam muito engraçadas naquela hora, mas que depois se revelaram um verdadeiro pesadelo quando o álcool se evaporou?
Para as gerações mais novas esse problema não se coloca, pois bebem tanto que os disparates são apenas um somatório de apostas certas e erradas. É impressionante como nalguns locais temos a ideia que estamos num aviário de perus em véspera de Natal, tantos são os presentes com a cabeça já de lado e a cambalearem. Nos dias de hoje, os jovens, na sua maioria, bebem desalmadamente e isso é aceite socialmente. Digamos que as excepções são os que se portam bem e sabem o que dizem e o que fazem.
Bom Ano Novo cheio de belas noites.
vitor.rainho@sol.pt
