na realidade já o tinha feito umas horas antes, quando, logo pela manhãzinha, anunciou em primeira mão um novo disco para março e apresentou o primeiro single do registo, ‘where are we now?’. mas na mensagem que publicou no seu site oficial nessa noite, dia em que completou 66 anos de vida, bowie revelou igualmente a primeira fotografia sua desde que se afastou das luzes da ribalta.
um dia depois, na quarta, usando desta vez o facebook, o músico postou outra imagem própria, revelando que celebrou o aniversário com um almoço num restaurante japonês, onde assistiu na televisão a algumas das reacções sobre o seu regresso. os detalhes de toda esta operação (e foi isto mesmo que o músico montou, uma excelente operação de marketing) só são relevantes porque reforçam aquilo que bowie construiu durante os seus 45 anos de carreira: uma capacidade única de se reinventar e surpreender.
numa época em que a informação é voraz, em que são poucos os discos que não são ouvidos antes de serem editados, em que há registos de tudo e mais alguma coisa, bowie conseguiu trabalhar no novo álbum durante dois anos sem ninguém saber. mais: conseguiu ser ele a divulgar, em exclusivo, a notícia e acabar, de uma vez por todos, com as especulações de há anos sobre a sua, supostamente, fraca saúde.
afinal, o silêncio ainda é possível no século xxi. afinal, ainda é possível apanhar o mundo inteiro desprevenido. afinal, ainda há quem saiba ‘agitar as águas’ numa indústria tão debilitada como a da música. como consequência do bombardeamento de notícias sobre o seu regresso, ‘where are we now?‘ entrou directamente no primeiro lugar do top de vendas do itunes e o número de pré-encomendas de the next day já garantiu milhões de cópias vendidas para um disco que só sai em março. se há génios? há! e david bowie é um deles.