Com os tempos, a clientela que começou a frequentar tais locais degradou-se e os afters ficaram quase exclusivamente para o bas fond. Muita violência e decadência junta, num cenário de prostitutas, travestis, bandidos e alguns noctívagos bêbedos que iam ao engano. Nos últimos tempos os after voltaram a surgir em força, com um ambiente que albergava os últimos moicanos do Lux e de outras discotecas mais comerciais, além da rapaziada do Bairro Alto.
Apesar dos presentes, na sua maioria, revelarem grandes taxas de alcoolemia, a festa corria sem grandes incidentes.OCais do Sodré – nomeadamente no Europa, no Oslo e no Copenhaga – albergava uma fauna muito variada de clientes. Agora, a Câmara de Lisboa determinou o fim dos after hours neste bairro. Isto é: os bares do Cais do Sodré só têm licença para funcionar até às quatro horas e só podem reabrir depois das 12, quando até aqui podiam voltar a abrir as portas depois das seis da manhã. Altura em que os resistentes apareciam e ficavam, regra geral, até às 10. Refira-se que o Cais do Sodré é dos locais mais vigiados da noite lisboeta e, se existe algum lugar onde é possível fazer os tais prolongamentos da festa, é precisamente aí. Acredito que só restará aos amantes de tal disciplina frequentarem outros locais onde a violência campeia sem a Polícia se aproximar.
Pode sempre dizer-se que devem é ir para casa, mas penso que é um disparate pensar assim. As pessoas devem ter oportunidade de se divertirem à hora que bem entendam desde que não incomodem os outros. Esta medida acabará por afectar o ressurgimento de uma zona que no passado foi conotada quase exclusivamente com prostitutas e proxenetas decadentes. Os moradores dizem que têm a ganhar com esta medida, mas não me parece. Depois das quatro a zona será menos policiada, tornando-se mais perigosa. Veremos as cenas dos próximos capítulos. l vitor.rainho@sol.pt