Bengaleiros

Em tempos de vacas magras alguns pormenores acabam por ditar a diferença no que à animação nocturna diz respeito. Apertados por terem menos receitas, alguns donos de discotecas e bares acabam por descurar aspectos que podem ser fatais.

O grau de exigência do público maduro que frequenta a noite – sim, são cada vez menos, mas ainda assim determinantes na noite de sábado – é cada vez maior e quem não os sabe mimar, acaba por ficar numa posição ainda mais complicada. Além da música – é impressionante como desceram os cachês da maioria dos DJ, escapando só os mais conhecidos –, o serviço passou a ser determinante. Ninguém quer ir a uma discoteca onde os seguranças são prepotentes ou onde os empregados de balcão são mal educados e parecem fazer um frete quando têm de servir um copo. Também a higiene e as condições das casas de banho são importantes. Se no passado esses factores eram encarados com algum amadorismo, nos tempos que correm são fundamentais. Já vi, nos últimos tempos, pessoas a irem-se embora de um lugar porque os empregados demoraram a servir as bebidas ou porque não aceitaram a ‘exigência’ do cliente. Isto há uns anos era quase impensável. As pessoas aguentavam quase tudo, porque os espaços eram muito mais concorridos.

Agora, praticamente a cada mês que passa há um bar ou discoteca que fecha portas. A facturação de sábado não cobre todas as despesas e muitos não têm outra alternativa que não seja fechar.Por isso, os que se mantêm abertos são obrigados a corrigir os aspectos negativos sob pena de também terem idêntico destino.

O que não consigo perceber é como ainda há clientes que cometem os erros do passado. Deixar malas e roupa espalhados pelos espaços acaba por ser um convite aos amigos do alheio. E passou a ser muito frequente ver alguém que não quis gastar um euro para deixar a roupa no bengaleiro a andar à procura do que desapareceu. É elementar. O euro do bengaleiro é uma aposta ganha e quem não percebe isso é porque gosta de jogar no risco. l

vitor.rainho@sol.pt