Demitido a bem da concertação

O Governo conseguiu esta semana dar uma boa notícia aos parceiros sociais: a saída do secretário de Estado do Emprego, Pedro Martins. Quando a notícia foi conhecida, a meio da semana, ouviu-se o desabafo generalizado «é uma remodelação bem-vinda».

numa reunião com as direcções das bancadas do psd e cds, joão proença foi só um dos parceiros que arrasaram o governante. a mensagem foi transmitida a passos, que já tinha acumulado queixas quase desde o início da tomada de posse do governo.

um episódio ilustrativo das dificuldades com o secretário de estado, professor de economia aplicada em londres, passou-se no acordo de concertação social, assinado em janeiro do ano passado. depois de avanços e recuos, no dia em que o texto ia ser assinado desapareceu da versão final o parágrafo que comprometia o governo a dinamizar a contratação colectiva. a omissão foi sugestão de pedro martins e acabou por ser corrigida em cima da hora da cerimónia.

«é de um total autismo político», resumiu fonte da ugt ao sol. o mais recente caso aconteceu em dezembro, quando o secretário de estado defendeu o diploma dos duodécimos no plenário da assembleia da república e disse, perante a estupefacção dos deputados da oposição, mas também do psd e do cds, que os duodécimos eram uma medida «estrutural» – ou seja, deviam vigorar para sempre.

quanto ao novo secretário de estado do emprego, pedro roque, é um sindicalista, líder dos tsd, e, por isso, um sinal de tranquilidade para o sector. mal entre, tem já um problema para gerir: a lei dos duodécimos foi mal feita e, lida à letra, impediria o pagamento em duodécimos do subsídio de férias.

helena.pereira@sol.pt