se pensarmos que em portugal antes do 25 de abril de 1974 as mulheres que quisessem sair do país precisavam de autorização, percebe-se como tudo se alterou com o tempo. felizmente, digo. a partir de meados da década de 80, muitos jovens começaram a viver juntos e recusavam qualquer união que implicasse assinar papéis. com o andar dos anos e devido também a questões fiscais, muitos jovens passaram a viver em união de facto. faziam vida de casados, mas só queriam um papel da junta para efeitos fiscais, e outros.
os sectores mais conservadores da sociedade não achavam graça a essa equiparação. para eles o casamento é algo sagrado que suporta a vida a dois. confesso que nunca percebi a razão de se querer viver em união de facto sem se aceitar assinar o papel no registo civil. ou se vive com outra pessoa e se recusa todo e qualquer tipo de papel ou para viver em união de facto não vejo grande diferença com o casamento civil. mas cada um deve fazer o que bem entende, desde que não interfira na vida dos outros.
há pouco tempo portugal passou pela magna discussão sobre o casamento entre homossexuais, polémica que chegou agora a frança e inglaterra. cá como lá a população ficou dividida. confesso que acho extraordinário que um tema tão conservador mereça tanta paixão por parte dos defensores. se o casamento está associado, pelo menos há alguns séculos, à religião e ao conservadorismo, qual a razão para se querer obrigar essa parcela da população a aceitar uma coisa que consideram contra-natura? não seria mais fácil fazer-se legislação idêntica à das uniões de facto? de tratar que todos os casais homossexuais tivessem as mesmas garantias que os hetero, mas sem dividir as sociedades? ou que arranjassem um nome diferente para o casamento, mesmo que essa união passasse pelo registo civil?
cada um deve viver a vida à sua maneira, seja hetero ou gay. mas acho que se poupava muito em não provocar algumas franjas da sociedade.l
vitor.rainho@sol.pt