No seu lugar existe hoje um prédio de habitação. Da segunda discoteca ainda resta o prédio, mas há muitos anos que não se ouve música por aquelas bandas. As matinés tinham um certo encanto e em Lisboa não faltavam espaços que privilegiavam as quartas, sábados e domingos. Com o tempo foram desaparecendo, até que o Lux começou a abrir as portas à tarde, mais como salão de chá, é certo, mas funcionava como um porto de abrigo para quem quisesse ir beber um copo antes de ir para casa ou jantar. Como não havia grande festa nem tradição de os portugueses fazerem esse tipo de programa, o Lux viu-se obrigado a fechar portas à tarde.
Nos últimos anos, comecei a acreditar que as matinés tinham, de novo, mercado para um público ou que está casado ou que trabalha bem cedo. No último domingo, o mesmo Lux voltou a abrir portas à tarde, mas desta vez com festa rija. Com o nome de Domingo Santo, a casa de Santa Apolónia conseguiu reunir muito do seu público mais fiel, alguns dos quais em festa desde sexta-feira. Outros optaram por ficar em repouso no sábado para às 17 horas de domingo darem início às festividades. Foi um sucesso e já se fala de outras iniciativas semelhantes num futuro próximo, o que faz todo o sentido. Mas é evidente que o factor novidade atrai sempre muita gente. Se fosse todos os domingos, acredito que chegavam rapidamente a uma saturação, até porque alguns dos potenciais clientes não podem sair todas as semanas. Dependerá também muito do cartaz de DJ e do preço cobrado à porta. Quem lá esteve não deu por mal empregues os oito euros de consumo obrigatório. As matinés domingueiras poderão também ser um factor importante para combater a quebra de facturação das quintas e sextas-feiras. E não deixa de ser engraçado encontrar pessoas à tarde que normalmente só se vêem à noite…
Ao contrário dos meus tempos de Rock Rendez-Vouz, o público das novas matinés é bem mais crescido. Por este andar, à noite estarão os infantis e à tarde os juniores e os seniores.
vitor.rainho@sol.pt